sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Furacão Harvey paralisa o coração da infraestrutura energética dos EUA

Companhias de seguros temem que os danos causados a Houston igualem o custo do furacão Katrina


A região metropolitana de Houston, a quarta maior dos Estados Unidos e com uma economia que se coloca entre as 25 mais ricas do mundo, está inundada e continua chovendo. O impacto do furacão Harvey, o mais forte a atingir o Texasdesde o Rita em 2005, também se fará sentir no resto do país. Dois dos maiores portos do continente foram fechados na segunda-feira, dia 28 de agosto, e 15% da capacidade de refino de petróleo nos EUA está suspensa.

As petroleiras estão começando a fazer uma avaliação dos danos. O Texas é um centro vital na infraestrutura energética dos EUA, com cerca de 30% da capacidade de refino. O Harvey também forçou o fechamento temporário das plataformas de extração de petróleo e gás natural no golfo de México. Calcula-se que 22% da capacidade de produção da região esteja suspensa.

A maior refinaria dos EUA está localizada em Port Arthur, propriedade da saudita Arabian Oil, e tem capacidade para produzir o equivalente a 600.000 barris diários de combustível. A ExxonMobil opera em Baytown, a segunda maior, que processa 560.000 barris. Há uma dúzia de refinarias inoperantes em Houston, Galveston e Corpus Christi, que produzem 2,2 milhões de barris, incluindo instalações de Shell, Valero, Citgo e Petrobras.
Todo esse combustível é transportado por meio de oleodutos ou barcos. O Harvey provocou o fechamento do porto de Houston, o segundo maior do país depois do da Louisianna, em New Orleans. Também está fora de serviço o de Corpus Christi, o sexto mais importante dos EUA, e fundamental também para o transporte de energia. Juntos mobilizam 319 milhões de toneladas, o equivalente a 14% de todos os portos da nação.
O impacto imediato foi de um aumento de 5% no preço da gasolina, mas a alta pode ser maior se as refinarias tiverem dados que obriguem a prolongar a suspensão. A prova a que o Harvey está submetendo a indústria, portanto, é real e pode afetar também as exportações. No caso do preço do barril de petróleo, a situação permitirá o excesso de oferta.

Efeito na grande cidade

Se as catástrofes naturais anteriores como KatrinaRita, Ike ou Isaac servem de referência, o impacto do Harvey no mercado da energia será notado durante duas semanas. Depois os preços no posto de gasolina costumam baixar com rapidez, conforme o combustível voltar a entrar no sistema. Há 23 semanas de gasolina nas reservas.
A tempestade Sandy, que atingiu Nova York há cinco anos, demonstrou, no entanto, quanto custa recuperar as regiões mais afetadas de uma grande cidade, onde os trabalhos de reconstrução continuam. Ainda é cedo para ter uma avaliação de danos, porque todos os efetivos se concentram nos trabalhos de resgate e de atenção às pessoas necessitadas. Calcula-se que haja 30.000 pessoas desabrigadas.
Estima-se que a economia da região de Houston seja de meio bilhão de dólares. Um em cada cinco condados no Texas foi afetado. As companhias de seguros começarão a enviar suas “tropas” em meados da semana. Mas, como afirmam na seguradora Farmers, as emissoras de televisão não conseguiram mostrar a quantidade de casas que terão níveis de água que chegam à altura das pias de suas cozinhas durante dias.

Avaliação de danos

Os cortes de luz e das comunicações impedem os afetados de entrar em contato com as seguradoras para fazer suas reclamações. A grande dificuldade é que a maioria das casas não tem apólices contra inundações, e por isso a assistência terá de chegar do fundo federal para catástrofes, que acumula um passivo de 25 bilhões e só pode representar 6 bilhões do orçamento atual, que termina em 30 de setembro.
Cada evento catastrófico é diferente, por isso os especialistas evitam fazer comparações. O Katrina provocou danos em torno de 108 bilhões. As seguradoras receberam pedidos de 48 bilhões. A inundação que se seguiu ao furacão era de outra natureza, porque arrebentou os muros de contenção em New Orleans. Com o Harvey, as chuvas continuam 96 horas depois e o dano é mais amplo. A recuperação será ainda mais complexa.
As primeiras estimativas antecipam um custo acima dos 300 bilhões de dólares, apesar de essa cifra ser conservadora e depender do tempo que dure o avanço das águas. As projeções mais pessimistas multiplicam esse número por três, e com isso esta seria a segunda maior catástrofe, acima do furacão Sandy. Estima-se que aproximadamente um terço das perdas estão seguradas, contra a metade no Katrina.

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