quarta-feira, 20 de abril de 2011

Falta de qualificação profissional: quem é o culpado?



Outro dia, num telejornal, uma matéria abordou a falta de qualificação profissional no Brasil. Desta vez, por alguns instantes, o foco da matéria se desviou para a questão da educação.

Mas, infelizmente, ainda não foi dessa vez que o tema foi abordado com a coragem que merece e logo o foco retornou à exploração simples da falta de profissionais qualificados para ocupar as vagas, agora não só do topo e do meio da pirâmide, como da base também, representada por lojas à procura de vendedores; empresas buscando operadores de máquinas específicas de produção e, não só não os encontrando, como desistindo de ocupar as vagas.

Situação ilustrada de uma forma simples: de vinte candidatas a secretária que se apresentaram à vaga, restaram três e cada uma não atendia a um requisito dos três exigidos (curso, inglês e experiência).
Para uma solução verdadeira, não adianta abordar os problemas sem trabalhar as causas. Vejamos como cada um contribui para essa situação:

GOVERNOS

A economia chinesa já é a 2ª maior do mundo à custa da exploração de mão de obra: o salário pago a um trabalhador de uma montadora na China corresponde à cerca de R$ 630,00. Em várias províncias chinesas, os salários variam de R$ 52,00 a R$ 136,00 por mês e carga de até 12 horas diárias.

Vale lembrar que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e que esse “sistema predatório” tem uma extrema necessidade de expandir-se com seus mais de 1,3 bi de habitantes com uma renda per capita de apenas US$ 7.500,00.

Enquanto no Brasil, é de US$ 10.237,00 (que cresceu 275% em 10 anos) e nos Estados Unidos de US$ 46.716,00, vem um país na Europa Ocidental chamado Luxemburgo com US$ 80.431,00. Lá, um professor ganha em torno de R$ 7.200,00 por mês em uma única instituição. Prova de que as maiores potências comerciais não detêm a melhor qualidade de vida, mas quem investe na qualidade da educação gasta menos com segurança, saúde e outros programas sociais.

Esse “invejado” modelo chinês tira profissionais da preparação e os coloca diretamente na produção. O apoio a esses comércios com o fim de arrecadar impostos nos ensina que qualidade é algo que vem bem depois. Não se pode pensar como Luxemburgo e agir como a China.

O Brasil tem que proteger seu comércio contra as exteriorizações de custos para fortalecer nosso mercado garantindo a competitividade e isso não significa fechar portas ao comércio globalizado, mas abri-las aos brasileiros ofertando também um novo modelo de educação preparatória que nos ensine COMO crescer melhor, preservando nossos recursos naturais e praticando justiça social.

A falta de qualificação não é de agora. Ela foi semeada no decorrer de uma longa história e só percebida diante do desenvolvimento de um Brasil que conta com o destaque de algumas pessoas (profissionais e alunos) que fazem a diferença na educação pública e com a eficácia de uma parcela da educação particular (absorvida por uma minoria) para atenuar a grave situação.

Há mudanças em nosso caminho, mas temos que caminhar mais rápido. No ranking da educação mundial, o Brasil ocupava o 88º lugar e em 2010 pulou para 53º – ainda muito lento comparado com a inovação tecnológica que experimentamos em ritmo acelerado.

Os centros técnicos espalhados pelo Brasil não atendem à demanda do mercado. O ensino público se arrasta com suas deficiências desmotivando seus alunos à continuidade do aprendizado. É um sistema em crise que, durante anos, acomoda o aluno e o envia despreparado, sem intenções e sem projetos, ao mercado urgente e exigente. Um sistema que cobra por aquilo que não oferta. Leia mais sobre a matéria

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