quinta-feira, 20 de outubro de 2011

18 de outubro, Dia do Estivador


Nesta terça-feira (18) foi o Dia do Estivador, o Portuária PE em parceria com o Portogente presta uma homenagem muito especial mostrando um pouco de como era o trabalho desse portuário tão importante para a “vida” dos portos, do comércio mundial.
Reproduziremos, a seguir, texto da jornalista Cláudia Dominguez, escrito em 2006, mas que está atual para falar de uma grande força de trabalho, que ajuda a movimentar a riqueza do Brasil.

“Nesta semana, dia 18 de outubro, é comemorado o dia daquele que é considerado o símbolo da força portuária: o estivador. No Porto de Santos, por exemplo, eles representam a maior categoria com cerca de 3.600 trabalhadores na ativa. Em sua grande parte, homens que honram o trabalho como nos áureos tempos do café.

Chefes de família que buscam um trabalho digno – e não reconhecido – todos os dias com o tempo que for. Homens que não se deixam abater pelo trabalho árduo, exaustivo. Homens que não se deixam intimidar pelas más condições de trabalho (especialmente no que diz respeito à segurança) oferecidas pelos seus patrões.

É bem verdade que ainda nos dias de hoje, há quem tente desqualificá-los. Quando alguém quer menosprezar uma pessoa, logo diz: “é sujo como um estivador”, ou então, “come que nem um estivador” ou ainda “grita como se fosse um estivador”...

Preconceitos que denotam a total ignorância de quem os emite. Se aqueles que discriminam aleatoriamente os estivadores fossem capazes de trabalhar um dia ao menos na operação de açúcar, por exemplo, saberiam que o desgaste físico é tamanho que é necessário ingerir muitas calorias para repor o esforço dispensado durante o trabalho.

Saberiam que dentro de um porão de açúcar ou de enxofre é impossível terminar o trabalho com aquele “ar de escritório”. Saberiam ainda que o grito - inerente à função – é a garantia da faina.

Claro, existem seres um pouco mais sensíveis e que são capazes de dar uma verdadeira aula de amor. É o caso do estivador Marcílio Dias, 57 anos e desde os 14 vivenciando a rotina do Porto de Santos.

Quarta geração de uma família tradicionalmente composta por estivadores, o atual primeiro tesoureiro do Sindicato dos Estivadores da Baixada Santista conta que iniciou sua vida profissional estimulado pelo pai.

Via o Porto com bons olhos pois meu pai me levava no cais de vez em quando. Aqueles navios, guindastes e aparelhos antigos me chamavam a atenção. Ao entrar no sindicato, logo fui aprendendo o linguajar do trabalhador.
Ele tem razão. Leva algum tempo para se familiarizar com o vocabulário dos estivadores. O porto possui uma cultura própria, com caracteres, valores, ideias, ritos e mitos próprios e que devem ser estudados de forma mais aprofundada.

Com a chegada da Lei de Modernização dos Portos 8.630/93, houve uma certa resistência do trabalhador diante do processo de “modernização”. Pode-se dizer, sob o ponto de vista do estivador que o Porto se divide em antes e depois da implantação da Lei e da chegada do Ogmo.

Marcílio conta que por insistência do seu pai cursou Administração de Empresas em Santo André, no ABC, em São Paulo. Para custear a faculdade, após o falecimento de seu pai, chegou a trabalhar de perueiro, mas acabou retornando ao cais santista por oferecer um ganho maior.

Formou-se e foi fazer um curso de pós-graduação na USP, Universidade de São Paulo. Após esse período, retornou ao Hospital da Estiva, por mais dois anos. Logo o cais o chamaria de volta.

Parabéns a todos os estivadores do Brasil.

 

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