A chegada de um
transatlântico internacional com uma passageira morta e um surto de
gastroenterite a bordo, que atingiu 86 pessoas, sendo 79 passageiros e sete
tripulantes, tumultuou o Píer Mauá, na Região Portuária do Rio, ontem pela
manhã.
O Porto do Rio e a
Secretaria de Turismo do Estado afirmaram que não foram avisados pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sobre os problemas de saúde no
cruzeiro e não souberam informar sobre o controle de saúde dos passageiros, que
desembarcaram para passar à tarde na cidade. Apesar de a embarcação ter
atracado sob o código vermelho, o alerta máximo para risco iminente de
segurança, a ANVISA informou que apenas um passageiro chegou ao Rio com os
sintomas de gastroenterite.
O navio MS Veendam, da
Holland America Line, partiu de Nova York no dia 16 de outubro, mas a maioria
dos passageiros embarcou no porto de Valparaíso, no Chile, no dia 6 deste mês.
“Depois do desembarque no Chile, eu senti uma leve dor de barriga, mas nada
demais” disse o americano aposentado Richard Rezba, de 67 anos, que viajava com
a mulher Carol, de 64. O casal percebeu que a tripulação e funcionários
incrementaram os procedimentos de segurança com uso de máscaras, luvas e
toucas. O navio seguiu para a Argentina.
Há três dias, quando a
embarcação passou pelo Uruguai, o navio adotou o código vermelho. A piscina foi
interditada e todos eram orientados a lavar as mãos a cada duas horas. Passageiros
com sintomas de diarreia foram isolados em suas cabines para atendimento
médico, segundo os relatos dos viajantes hoje.
Enquanto alguns
passageiros tinham conhecimento do código vermelho, outros desconheciam que uma
mulher estava morta a bordo. “Eu realmente não sabia disso. É preocupante”,
disse o inglês Jim Sullivan, de 61 anos. O corpo de Dorothy Missin Phillips foi
encaminhado para o Instituto Médico Legal para autópsia, que vai determinar a
causa da morte. Autoridades afirmavam que a mulher teve um enfarte sem ligação
com a intoxicação ocorrida a bordo, mas apenas o laudo cadavérico vai
determinar o que ocorreu.
“Os dois fatos (a morte
da passageira e o surto dentro do navio) não foram comunicados ao Estado. Foi
feita uma notificação à ANVISA, que não conseguiu contatar o Estado. O próprio
Píer não estava preparado para receber esta infecção dentro do navio”,
reconheceu o Secretário de Turismo do Estado, Ronald Azaro.
Segundo ele, um auto de
infração seria emitido para a operadora estrangeira e uma notificação para a
operadora do cruzeiro no Rio.
O Comandante e o Médico
do navio transatlântico foram levados à Polícia Federal para prestar
esclarecimento e permaneceram na sede da Superintendência por menos de uma
hora. A PF abrirá inquérito apenas se o laudo cadavérico do corpo da americana
não apontar morte de causa natural.
Em nota, a ANVISA
informou que nos últimos dois dias foram registrados dois casos de
gastroenterite no transatlântico e que isto apontava uma “diminuição
significativa do número de casos no momento de atracação do navio no Brasil”.
De acordo com a ANVISA,
o navio, durante sua navegação em águas internacionais, tomou todas as medidas
recomendadas para controle do surto de gastroenterite a bordo e as falhas
identificadas pelos inspetores da ANVISA, durante a inspeção realizada na manhã
de hoje Rio, foram corrigidas pela equipe do transatlântico.
Fonte: http://portalmaritimo.com/2011/11/23/navio-com-passageira-morta-e-surto-de-gastroenterite-a-bordo-chega-ao-rio/
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