Gargalo logístico e os
desafios da cadeia produtiva
O
cenário econômico positivo no Brasil que provocou o aumento do consumo interno
e gerou novos negócios, principalmente dos últimos anos, se refletiu em avanços
significativos na infraestrutura do País. Os desafios logísticos, pelo
contrário, continuam a exigir do empresariado brasileiro soluções paliativas
para não comprometer a saúde financeira de suas companhias.
O
gargalo atinge empresas de vários segmentos, mas os setores de bebidas é um dos
que mais gastaram com logística no ano passado, segundo a pesquisa Custos
Logísticos 2011, do Instituto de Logística e Supply Chain. Enquanto a média
geral de gastos foi de 8,5% em relação à receita líquida, o setor de bebidas
gastou 12,1%.
As
deficiências da infraestrutura logística brasileira permeiam todos os setores
de transporte. Rodovias, portos e aeroportos sofrem com a falta de
investimento, afetando a demanda e elevando os gastos. De acordo com o Banco
Mundial, o custo da logística no Brasil equivale a 20% do PIB, o dobro dos
países ricos.
O
setor de transporte rodoviário, responsável por 76% da mercadoria que transita
no País, atinge praticamente todos os pontos do território nacional, mas, por
outro lado, é o que apresenta preços de frete mais elevados. Embora ofereça
baixos custos fixos, os variáveis são mais altos, podendo ter alteração de
acordo com questões que estão na esfera pública. Alguns dos exemplos são os
valores do combustível e da manutenção das vias.
Com
apenas 212 mil quilômetros de rodovias pavimentadas – enquanto a China e a
Índia registram 1,5 milhão de quilômetros de estradas cada -, o Brasil possui
um alto custo de conservação de sua frota. Afinal, a qualidade das estradas afeta
diretamente o desempenho do caminhão e influencia no prazo da troca de peças,
realizadas antes do previsto.
E
os desafios não se restringem apenas à falta de aportes em infraestrutura. A
carência de um planejamento urbanístico das grandes cidades também tem
impactado o setor. As restrições do tráfego de caminhões nos principais centros
urbanos do País têm forçado as empresas a buscar novas soluções. Especialmente
para companhias, cujos clientes estão no coração dos municípios, seguir rotas e
horários restritos de circulação de veículos exige uma grande ginástica
logística. A compra de caminhões comerciais leves ou alteração do horário de
trabalho são algumas das alternativas, porém implica no pagamento de adicionais
noturnos aos empregados e no aumento das equipes de segurança, além do custo do
período em que o veículo fica parado.
Apesar
dos investimentos previstos pelo governo, as expectativas para o futuro não são
tão animadoras. A escassez de fortíssimas altas no custo de mão de obra e os
gargalos de infraestrutura serão somados aos aumentos de custos provocados pelo
preço do óleo diesel, pedágio, caminhões e do salário dos motoristas e
ajudantes. Com este cenário, o grande prejudicado será o Brasil, que perde
competitividade frente aos países do mundo e encarece seus produtos com os
altos valores logísticos embutidos.
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