domingo, 10 de junho de 2012


Estaleiros não devem repetir a historia do EAS.

Os dois estaleiros em fase de instalação no Complexo Industrial Portuário de Suape, o Promar e o CMO, estão com seus parceiros tecnológicos bem amarrados. Se tudo correr como previsto, eles não passarão pelos mesmos problemas amargados pelo Atlântico Sul (EAS), que teve suspensos os contratos de 16 dos 22 petroleiros encomendados pela Transpetro depois que a Samsung Heavy Industries (SHI) deixou a sociedade, em março deste ano.
O Promar tem como parceira e sócia a STX Europe, um tradicional grupo norueguês que já atua no Brasil com um estaleiro em Niterói desde a década de 1990. Ao todo são 15 estaleiros espalhados pela Finlândia, França, Noruega, Brasil, Romênia e Vietnã, somando 14,5 mil funcionários. O outro sócio é a PJMR, empresa brasileira formada por executivos da indústria naval que, inclusive, participou da criação do EAS.
O Promar já nasce com a encomenda de oito navios gaseiros dentro do Programa de Expansão e Modernização da Frota da Transpetro (Promef). “Qualquer grande empresa que deseja competir em nível internacional se espelha numa empresa tecnologicamente semelhante, com mais experiência e know how. Com a construção naval não é diferente”, comenta o professor do curso de engenharia naval da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Silvio Melo.
É possível construir um navio sem contar com a parceria de uma empresa mais experiente? Sim, diz Silvo. “Se houver tempo para experimentar, errar, corrigir, tentar de novo, até que o produto saia com o nível tecnológico esperado. No entanto, hoje em dia, isto é impensável”, sentencia. Ele lembra que sempre houve parceiros tecnológicos no Brasil, desde a instalação, nos anos 1960, dos primeiros estaleiros de porte, como o Verolme (holandês) e o Ishibras (japonês).
No caso do CMO, optou-se pela parceria – e sociedade – com um estaleiro norte-americano, o McDermott, responsável pelo M da sigla. O C é de Construcap e, o O, de Orteng, duas empresas brasileiras da área de engenharia. A McDermott é líder mundial na área de engenharia, suprimento, construção e instalação de estruturas offshore para exploração de petróleo. Está construindo na Indonésia, por exemplo, dez módulos de plataformas FPSO para a Maersk operar no Brasil.
Para o presidente do Sindicato Nacional da Indústria Naval Norte/Nordeste, Angelo Bellelis, ter um parceiro tecnológico que já possua know how na área é mais do que importante, é essencial. “Se os estaleiros brasileiros não forem buscar um parceiro lá fora, a curva de aprendizagem será mais longa e o mercado não permite isso. Esses grandes players mundiais projetam navios que já foram performados e testados exaustivamente”, observa.
Bellelis afirma que o parceiro deve se envolver no dia a dia do estaleiro e por isso é importante que seja, também, sócio equalitário ou mesmo majoritário do empreendimento, para que se comprometa com os resultados. No caso do EAS, a Samsung entrou apenas como parceira e depois tornou-se sócia minoritária com 10%, percentual que posteriormente caiu para 6%. Agora, o EAS busca um novo parceiro e negocia com diversas empresas, entre elas as japonesas Mitsui e Mitsubishi. O prazo dado pela Transpetro se encerra no dia 31 de agosto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário