segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Custo de logistica estimado em 10,6% do PIB


Para reduzir o custo de logística do país, estimado pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) em 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB), quase 50% mais alto do que o verificado nos Estados Unidos, o governo federal irá acelerar a transferência de parte de sua malha rodoviária à iniciativa privada.
Em agosto, foi anunciada a retomada da terceira etapa de concessões, que envolve 7,5 mil quilômetros de estradas federais que cortam oito Estados (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal). 
Os nove trechos a serem concedidos receberão no total R$ 42 bilhões, sendo que R$ 23,5 bilhões serão investidos em cinco anos, e R$ 18,5 bilhões em 20 anos. “A retomada é um sinal muito positivo para o setor”, diz o presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Duarte.
Segundo as regras estipuladas pelo governo nestas concessões, os investimentos nas rodovias serão concentrados nos primeiros cinco anos, com foco na aplicação de recursos em duplicações, contornos, travessias e obras de arte. O vencedor da licitação será o que oferecer a menor tarifa de pedágio, que só começará a ser cobrada quando 10% das obras estiverem concluídas. A expectativa é de que os primeiros lotes sejam leiloados até o fim do primeiro semestre.
Para gerenciar os projetos e as obras, o governo criou a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), em moldes semelhantes ao da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), que faz o planejamento do setor elétrico desde 2004. 
Se de um lado o governo busca conceder mais lotes de rodovias, de outro trabalha para colocar de pé mais de dez mil quilômetros de trilhos, para aumentar a participação das ferrovias no transporte de cargas, o que terá impacto sobre o modal rodoviário. “Se todos os projetos de ferrovias saírem mesmo, uma parte das cargas poderá ir para os trilhos e reduzir a participação geral das rodovias”, diz o diretor do Ilos, Paulo Fleury.
Nos Estados Unidos, 43% da circulação de cargas é feita por ferrovias e 32% pelas estradas, enquanto na China 50% é feita pelas rodovias e 37% por trilhos. No Brasil, quase 60% das cargas trafegam sobre rodas. Pior: sem contabilizar o transporte de minério de ferro, feito exclusivamente por trilhos e um dos principais produtos exportados pelo país, o modal rodoviário responderia por 73% da circulação de mercadorias, com as ferrovias respondendo por 5% e o transporte aquaviário por 16%. 
As condições das estradas brasileiras são ruins. Dos 1,7 milhão de quilômetros que cortam o país, apenas 200 mil quilômetros são pavimentados, sendo que desse montante cerca de 50 mil quilômetros estão nas mãos da União. “O Brasil precisa melhorar muito sua malha rodoviária, e os recursos privados são importantes nessa equação de melhoria”, afirma Fleury, do Ilos.
A ampliação dos investimentos em ferrovias e rodovias deverá manter uma tendência em alta: o crescimento dos serviços de operadores de logística, segmento que vem crescendo a dois dígitos anuais. “A multimodalidade tenderá a crescer, criando oportunidades para prestadores de serviços logísticos”, afirma Fleury. 
Com a malha férrea crescendo no Centro-Oeste e no Nordeste, um produtor de soja que mandava toda sua safra pela rodovia agora ganha uma nova opção. “Se ele estiver a 300 quilômetros da ferrovia, precisará de transporte rodoviário e armazenamento da sua carga até os trilhos”, exemplifica Fleury.
As 142 maiores empresas do setor faturaram R$ 48 bilhões em 2011, 20% de alta sobre 2010. A expansão tem se dado pela terceirização de operações a empresas especializadas na área. “Há espaço para ampliar esse mercado, porque as deficiências da malha de transporte pesam no bolso do setor produtivo”, diz Fleury. Pesquisa do Ilos aponta que, em 2008, 37% das empresas faziam elas próprias sua logística, enquanto 63% contratavam prestadores de serviços. 
Três anos depois, 69% das consultadas contratavam serviços de terceiros. Nos EUA, esse percentual está em 47%. Há uma grande pulverização de operadoras logísticas no Brasil. No setor rodoviário, estima-se que haja mais de 200 mil transportadoras, sendo que 75% delas possuem até cinco caminhões. A idade média da frota de caminhões é antiga: estava em 17,6 anos em 2011. Diante de clientes cada vez mais exigentes, ganhar mercado pressupõe ter serviços diferenciados e maior profissionalização da gestão.
Por Roberto Rockmann | Para o Valor, de São Paulo 

Valor Econômico

Fonte: ComexLinks | @comexblog


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