segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Empresas de pequeno porte se abrem para o comércio exterior



Exportar exige conhecimento e é um desafio ainda maior às micro, pequenas e médias empresas, que precisam investir em qualificação pessoal e aumentar sua capacidade de produção. Mas, quando os desafios são superados, podem trazer muitos benefícios. Pelo menos essa é a aposta do coordenador do Projeto Extensão Industrial Exportadora (Peiex), da Apex Brasil, Tiago Terra.
De olho no mercado globalizado, a MVM Indústria e Comércio de Revestimentos Sintéticos Ltda, de Eldorado do Sul, começou, em 2010, com apoio da Peiex, a dar seus primeiros passos para o mundo. Especializada em mantas isolantes térmicas e acústicas, fitas térmicas autoadesivas e telas de proteção para construção civil, sua primeira experiência em exportação foi com Cuba, que comprou manta térmica para telhados de casas pré-fabricadas.
De acordo com o sócio e diretor comercial, Martin Sá Martins, o mercado externo representa apenas 10% do faturamento da fábrica, mas a expectativa deste ano é de aumentar em 30%, com foco nos Estados Unidos, Canadá, Europa e América do Sul, em especial a Argentina.
Mas nada acontece de uma hora para outra, e exportar necessita preparação. A MVM, por exemplo, precisou de um ano até se adaptar à nova rotina de comercializar para fora do País. “Melhoramos o controle da qualidade, tanto na produção quanto na administração, no rastreamento da mercadoria, desde a matéria-prima até o cliente, e a formação de preço de venda de exportação”, diz o diretor, que se sentiu seguro com a ajuda da Peiex. “Espero que mais empresas possam se utilizar dessa experiência positiva e busquem a ajuda para se expandir”, recomenda.
“Para crescer é preciso se capacitar e planejar”, orienta o coordenador do Peiex, Tiago Terra. Diagnóstico realizado pela entidade sobre as dificuldades das empresas em exportar, demonstram que 60% estão na qualificação da gestão. 
O contato com culturas diferentes, com outra mentalidade e todas as suas diferenças, acaba interferindo diretamente nos padrões das empresas. Dessa forma, garante Terra, elas se tornam mais competitivas também no mercado interno. Portanto, ele aconselha que os empresários busquem consultorias e subsídios que venham a melhorar a gestão de seus negócios.
Conhecer o destino do produto, saber se ele teria aceitação, entender as diferenças, a legislação e a língua do país destinatário são requisitos básicos para iniciar um processo de exportação. De acordo com Terra, muitas empresas precisam modificar o design e a cor do produto ou da embalagem a fim de que possam ser aceitos, sem agredir a filosofia do lugar. 
Seguir os padrões internacionais orientados pelas agências e institutos, como a Anvisa ou o Inmetro, por exemplo, facilita nas negociações. “Isso a levará ao mercado externo e vai aumentar sua competitividade interna”, garante Terra.
É importante, ainda, um bom catálogo dos seus produtos, que ela se preocupe com o marketing e faça as adequações necessárias e, principalmente, tenha certificação. Além disso, existem exigências com relação à Receita Federal e outros órgãos federais e fiscalizadores que precisam ser vistos por uma pessoa ou entidade especializada. De acordo com Terra, os maiores obstáculos para entrar em um novo mercado são: adequações do produto, certificações e a burocracia local.
O Brasil, comenta Terra, é um dos maiores exportadores de commodities, mas as micro, pequenas e médias empresas, apesar da concorrência com os chineses, vendem muitos calçados, vestuário e acessórios. Na área de alimentos, o carro-chefe são as carnes.
Pequenos exportaram acima de $10 bilhões em 2011
Ao contrário do que muita gente pensa, o porte de uma empresa não interfere na exportação. De acordo com dados da Apex Brasil, as micro, pequenas e médias empresas brasileiras foram responsáveis, em 2011, pelo volume de US$ 10,8 bilhões em negócios com outros países, sendo que, deste total, R$ 2 bilhões referem-se ao comércio realizado somente pelos micro e pequenos empreendedores. 
Na opinião do coordenador do Projeto Extensão Industrial Exportadora (Peiex) da Apex Brasil, Tiago Terra, qualquer produto pode ser comercializado internacionalmente. A vantagem de uma grande empresa, explica, está apenas na capacidade de investimentos. “Trabalhamos com o conceito de maturidade. As oportunidades estão aí para todos”, reforça.
O câmbio é um fator de grande influência nos negócios, e Terra aconselha as companhias a procurarem mercados mais acessíveis, como a América Latina e África. “A África está em reconstrução e está abrindo portas ao setor da construção civil”, alerta.
As políticas públicas podem e favorecem muito a abertura do comércio internacional. “O governo federal tem feito muita coisa, a maioria dos produtos exportados não tem impostos, e ele tem baixado os tributos no mercado interno, mas ainda temos muita burocracia”, ressalva. Ele diz que ainda existem muitos entraves ao enviar uma mercadoria para fora do País.
Dicas para aproveitar melhor o mercado externo
  • Atenção às leis brasileiras e às de cada país
  • Ter capital de investimento. Calcular o risco envolvido no processo e, a partir disso, verifique se a exportação é viável
  • Muitos países impõem barreiras comerciais na entrada de determinados produtos. Estudar o mercado e analisar a viabilidade da operação
  • Pesquisar o mercado internacional. Verificar e avaliar quem são os concorrentes externos ou mesmo internos que realizam a mesma operação
  • É importante conhecer a cultura de cada país, os costumes locais e o padrão de renda em um novo mercado
  • Verificar a logística, onde a mercadoria vai embarcar e desembarcar, o valor do frete e não se esquecer de fazer o seguro para o transporte da carga
  • Buscar algum tipo de auxílio especializado
Jornal do Comércio | Gilvânia Banker
Fonte: ComexLinks | @comexblog

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