quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Multinacionais na nova ordem global


Apesar de a agenda internacional estar centrada na crise europeia, no “abismo fiscal” nos EUA e nas incertezas geopolíticas no Oriente Médio, é importante não perder de vista algumas mudanças que ocorrem na economia global e terão efeitos importantes no longo prazo.

Centenas de milhões de pessoas nos países em desenvolvimento estão participando do mercado de consumo pela primeira vez, elevando seu padrão de vida e aumentando a produção econômica de suas respectivas nações. Empresas e empreendedores desses países estão lançando novos produtos e ideias, ajudando a moldar o mundo de novas formas. As multinacionais dos países emergentes têm papel importante a exercer nessa transformação.

Essas empresas, frequentemente chamadas de “multinacionais emergentes”, vêm conseguindo evoluir de um papel centrado em exportações para uma presença efetivamente global. Além da habilidade de competir internacionalmente, uma empresa global precisa ter operações, papel institucional, investimentos e geração de receitas em outros países, sedimentando sua marca, beneficiando-se do acesso a recursos humanos locais e desenvolvendo novas cadeias de fornecedores.

A história é rica em exemplos de como o sucesso de empresas multinacionais garantiu a seus respectivos países uma maior presença e relevância globais. Marcas como Siemens, Volkswagen e BMW, da Alemanha; Electrolux, Ericsson e Volvo, da Suécia; General Eletric, IBM e Coca-Cola, dos EUA; Toyota, Sony e Toshiba, do Japão; Philips e Shell, da Holanda, são alguns exemplos, dentre tantos outros.

Mais recentemente, multinacionais como a finlandesa Nokia, as coreanas Samsung, LG e Kia e as chinesas Sinovel e Huawei são exemplos desse fenômeno. Essas e outras multinacionais de países em desenvolvimento vêm investindo no aumento de sua capacidade para operar em novos mercados, ao mesmo tempo que se preparam para os desafios complexos advindos de tal iniciativa.

Em termos de oportunidades, as multinacionais emergentes apresentam algumas vantagens em relação às congêneres de economias maduras, pois se estruturaram e aprenderam a prosperar em ambientes bastante desafiadores e desenvolveram alto grau de criatividade, resiliência e agilidade de gestão. Entretanto, um desafio importante diz respeito a como essas empresas e o mundo desenvolvido lidarão com uma eventual reconfiguração do status quo geopolítico global, definido há cerca de 70 anos, após a 2.ª Guerra Mundial.

O futuro aponta para a organização de uma nova ordem, mais multipolar, com o setor privado assumindo papel de protagonismo na transição. Desenvolver um entendimento comum – setor público, iniciativa privada e entidades da sociedade civil – sobre esse novo cenário mundial se torna fundamental.

Há dias, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, registrou-se a presença relevante de países emergentes e de suas empresas multinacionais, sedimentando o caminho para sua inserção mais efetiva nas discussões de temas pertinentes à agenda econômica global.

Além da já tradicional participação asiática, pode-se destacar neste ano uma grande presença de países africanos, cujo continente assumiu recentemente a posição de segunda maior taxa de crescimento do mundo.

Apesar de o Brasil e outros países da América Latina terem registrado algum nível de presença em Davos, é grande o potencial para ampliar sua participação – e influência – nas discussões, tanto no âmbito empresarial como dos Estados.

Evidentemente, o Fórum Econômico Mundial é apenas uma das plataformas em que o Brasil e suas empresas podem elevar sua voz no debate mundial, havendo diversas outras oportunidades e espaços para fazê-lo. Mas é importante que o façam. As multinacionais emergentes, em conjunto com seus respectivos governos, precisam aproveitar a oportunidade de poder influenciar de maneira mais determinante os novos caminhos que o mundo e sua população trilharão no futuro.

Fonte: Comexblog


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