Apesar de a
agenda internacional estar centrada na crise europeia, no “abismo fiscal” nos
EUA e nas incertezas geopolíticas no Oriente Médio, é importante não perder de
vista algumas mudanças que ocorrem na economia global e terão efeitos
importantes no longo prazo.
Centenas de
milhões de pessoas nos países em desenvolvimento estão participando do mercado
de consumo pela primeira vez, elevando seu padrão de vida e aumentando a
produção econômica de suas respectivas nações. Empresas e empreendedores desses
países estão lançando novos produtos e ideias, ajudando a moldar o mundo de
novas formas. As multinacionais dos países emergentes têm papel importante a
exercer nessa transformação.
Essas empresas,
frequentemente chamadas de “multinacionais emergentes”, vêm conseguindo evoluir
de um papel centrado em exportações para uma presença efetivamente global. Além
da habilidade de competir internacionalmente, uma empresa global precisa ter
operações, papel institucional, investimentos e geração de receitas em outros
países, sedimentando sua marca, beneficiando-se do acesso a recursos humanos
locais e desenvolvendo novas cadeias de fornecedores.
A história é
rica em exemplos de como o sucesso de empresas multinacionais garantiu a seus
respectivos países uma maior presença e relevância globais. Marcas como
Siemens, Volkswagen e BMW, da Alemanha; Electrolux, Ericsson e Volvo, da
Suécia; General Eletric, IBM e Coca-Cola, dos EUA; Toyota, Sony e Toshiba, do
Japão; Philips e Shell, da Holanda, são alguns exemplos, dentre tantos outros.
Mais
recentemente, multinacionais como a finlandesa Nokia, as coreanas Samsung, LG e
Kia e as chinesas Sinovel e Huawei são exemplos desse fenômeno. Essas e outras
multinacionais de países em desenvolvimento vêm investindo no aumento de sua
capacidade para operar em novos mercados, ao mesmo tempo que se preparam para
os desafios complexos advindos de tal iniciativa.
Em termos de
oportunidades, as multinacionais emergentes apresentam algumas vantagens em
relação às congêneres de economias maduras, pois se estruturaram e aprenderam a
prosperar em ambientes bastante desafiadores e desenvolveram alto grau de
criatividade, resiliência e agilidade de gestão. Entretanto, um desafio
importante diz respeito a como essas empresas e o mundo desenvolvido lidarão
com uma eventual reconfiguração do status quo geopolítico global, definido há
cerca de 70 anos, após a 2.ª Guerra Mundial.
O futuro aponta
para a organização de uma nova ordem, mais multipolar, com o setor privado
assumindo papel de protagonismo na transição. Desenvolver um entendimento comum
– setor público, iniciativa privada e entidades da sociedade civil – sobre esse
novo cenário mundial se torna fundamental.
Há dias, no
Fórum Econômico Mundial, em Davos, registrou-se a presença relevante de países
emergentes e de suas empresas multinacionais, sedimentando o caminho para sua
inserção mais efetiva nas discussões de temas pertinentes à agenda econômica
global.
Além da já
tradicional participação asiática, pode-se destacar neste ano uma grande
presença de países africanos, cujo continente assumiu recentemente a posição de
segunda maior taxa de crescimento do mundo.
Apesar de o
Brasil e outros países da América Latina terem registrado algum nível de
presença em Davos, é grande o potencial para ampliar sua participação – e
influência – nas discussões, tanto no âmbito empresarial como dos Estados.
Evidentemente, o
Fórum Econômico Mundial é apenas uma das plataformas em que o Brasil e suas
empresas podem elevar sua voz no debate mundial, havendo diversas outras
oportunidades e espaços para fazê-lo. Mas é importante que o façam. As
multinacionais emergentes, em conjunto com seus respectivos governos, precisam
aproveitar a oportunidade de poder influenciar de maneira mais determinante os
novos caminhos que o mundo e sua população trilharão no futuro.
Fonte:
Comexblog
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