quarta-feira, 13 de julho de 2011

Investimento de R$ 11 mi visa reduzir filas em porto



No último mês, a Ferroeste, a Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) - vinculada à Se­cretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento - e a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) se debruçaram em um projeto que pretende, com um investimento de R$ 11 milhões, criar seis centros logísticos (Cascavel, Maringá, Guarapuava, Araucária, Ponta Grossa e Paranaguá) para estacionar caminhões, armazenar e classificar a carga que vai para o Porto de Paranaguá.

Reaproveitamento - O projeto parte do reaproveitamento de estruturas das três entidades e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já existentes - e ociosas em boa parte do tempo - para tentar diminuir a fila de caminhões na BR-277 e agilizar o trabalho do porto. Nem todo o setor produtivo teve acesso ao projeto ainda, mas as primeiras análises indicam que a proposta é paliativa e pode até aumentar os custos para transportadores e cooperativas.

Outras medidas - "O projeto não exclui todas as outras medidas necessárias, como a ampliação da Ferroeste, mas dá sobrevida à ferrovia", explica o presidente da Ferroeste, Maurício Querino Theodoro. O objetivo do projeto, segundo ele, é não só controlar melhor o tráfego de caminhões, mas dar um lugar seguro e adequado para os caminhoneiros esperarem, com restaurantes e banheiros, já na safra do ano que vem, e começar todo um trabalho de classificação que resultaria, daqui a dois ou três anos, em um programa de certificação de origem - um selo para os produtos agrícolas paranaenses, sob a responsabilidade da Empresa Paranaense de Classficação de Produtos (Claspar).

Prioridade - O montante estimado para o projeto consta das prioridades da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística para o orçamento de 2012, segundo o secretário José Richa Filho, e estaria sendo avaliado pelo secretário de Estado do Planejamento e Coordenação Geral, Cassio Taniguchi. O projeto também teria sido apresentado ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird).

Piloto - O projeto começaria pelos centros de Cascavel e Guarapuava, em um piloto intermodal. O uso dos silos da Ferroeste, da Codapar e da Conab existentes no estado representaria um aumento de 50% na capacidade estática de armazenamento do Porto de Paranaguá (557.340 toneladas). Uma diferença grande ocorreria também na classificação de cargas. Hoje, o Porto de Paranaguá tem capacidade para avaliar, no máximo, a carga de 1,8 mil caminhões/dia. Se o trabalho ocorrer antes, nos seis centros logísticos, esse número saltaria para mais de 4 mil/dia.

Produtores - Para o assessor econômico e técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Nilson Hanke Camargo, que teve acesso ao projeto há 20 dias, a ideia do governo estadual não resolve os problemas de escoamento da produção paranaense; apenas alivia, domesticamente, a situação. "É um esforço para se reaproveitar estruturas e órgãos um tanto ociosos e isso é válido, mas não resolve nosso principal gargalo: a velocidade de carregamento do Porto de Paranaguá", diz.

Entrada - Hanke afirma que a classificação anterior ao porto também não ajuda muito, porque o problema está mesmo na entrada no pátio de triagem por causa da demora no carregamento. "Em 1990, entravam e saíam 13 milhões de toneladas. Em 2010, 20 anos depois, esse número saltou para 38 milhões de toneladas e o porto é o mesmo, os equipamentos estão obsoletos", descreve. Ele alerta ainda que a armazenagem da carga nos silos dos centros logísticos pode acarretar em mais custos. "Você vai ter o custo do transbordo, do caminhão para o silo e vice-versa, e o custo do período em que a carga ficará ali. Se isso vier a representar um aumento nos gastos em relação ao que existe hoje, não vejo validade", argumenta.

Viável - Nos estudos prévios do governo estadual, o piloto intermodal nos centros de Cascavel e Guarapuava seria mais viável economicamente que o modelo exclusivamente rodoviário. No trecho entre Cascavel e Paranaguá, por exemplo, o custo com o novo centro - estacionando caminhões e armazenando a carga nos silos - ficaria entre R$ 55,30 e R$ 60,30 por tonelada transportada, contra R$ 58,06 a R$ 68,94 do transporte feito apenas pelos caminhões.

Discussão - A Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) informou que está com o projeto em mãos, mas que ainda vai discuti-lo com os 288 grupos de produtores que representa, nas próximas semanas, para formular uma avaliação. Uma delas, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial, com sede em Maringá (Noroeste), disse que não tem conhecimento do projeto.

Fonte: http://www.portosenavios.com.br

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