segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Em PE, agricultores deixam a roça para trabalhar na Transnordestina



No Sertão de Pernambuco, muitos agricultores deixaram o roçado para trabalhar na construção da Transnordestina. Eles participam do desafio de construir uma ferrovia 1.728 quilômetros de extensão para movimentar principalmente produtos para exportação. A obra vai ligar o Sertão ao Litoral. Os trabalhos começaram em 2009 e devem ser concluídos no fim de 2014. A cada dia, quase dois quilômetros e meio de ferrovia ficam prontos -152 quilômetros de trilhos já estão prontos e se o cronograma for cumprido, a previsão é concluir mais 500 este ano.

O trem deixa todo dia o canteiro central das obras, em Salgueiro, no Sertão, para levar o material até as três frentes de montagem da ferrovia. A Transnordestina começa na cidade de Eliseu Martins, no Piauí, e vai até o Porto de Suape, entre municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, com um entroncamento em Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, que liga ao Porto de Pecém, no Ceará.

Cada máquina faz 1.200 metros de ferrovia diariamente. A parte mais trabalhosa do serviço é a terraplenagem, ou seja, a infraestrutura. Até o fim do ano passado, 500 quilômetros estavam sendo preparados para receber a linha férrea, que os técnicos chamam de superestrutura. “Se a infraestrutura não tiver liberada pra superestrutura chegar, ela pode atrapalhar a continuidade da montagem da grade. Então qualquer impedimento que tiver pra terraplenagem, problemas de desapropriação e qualquer impeditivo lá pra infraestrutura, que é a movimentação de terra, pode atrapalhar a montagem”, afirmou o gerente de planejamento do projeto, Mauro Campacci.

Durante a execução da obra, um equipamento retira os dormentes de concreto do trem produzidos na fábrica em Salgueiro. Os pórticos transferem para o chão 56 dormentes de cada vez e colocam cada um no lugar certo. Uma máquina alinha o trilho, outro equipamento ajusta o encaixe e os grampos fazem o acabamento. Esse trabalho é muito diferente do tempo em que o engenheiro Otávio Moraes trabalhava na rede ferroviária federal. “Antes era todo trabalho braçal. O dormente chegava no trem e ele era descarregado manualmente. O trabalhador pegava o dormente no ombro e saía distribuindo ao longo da linha”, explica Moraes.

Em cada frente de montagem, há 72 pessoas, que são da própria região. Muita gente estava acostumada com o trabalho na roça, com pequenos serviços na cidade e, com a Transnordestina, aprendeu a construir algo que pode fazer diferença no futuro. “Aí tem, sim, um pedacinho do meu nome nessa ferrovia. Estou aqui batalhando para que isso aconteça e a gente possa andar em cima desse trem, indo e vindo, a toda hora”, disse o operador de pórtico, José Wilton Souza.



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