O
mapa ferroviário brasileiro vai mudar. No momento, cerca de três mil
quilômetros de obras sobre trilhos estão em construção no país, o que ampliará
a capilaridade da malha existente. Nos próximos quatro anos, poderão ser
investidos mais de R$ 40 bilhões no segmento. No Nordeste, a Nova
Transnordestina – investimento orçado inicialmente em R$ 5,4 bilhões – e que
terá 1.728 quilômetros para interligar a cidade de Eliseu Martins (PI) aos
portos de Suape (PE) e Pecém (PE) – está avançando.
Segundo
o último balanço do PAC, anunciado neste mês, trecho da estrada férrea no
Estado de Pernambuco, entre Salgueiro e o porto de Suape, com 522 quilômetros
de extensão, está com quase 50% das obras de infraestrutura e 38% das obras de
arte já realizadas. A conclusão da ferrovia, projetada para 2014, poderá criar
uma nova opção de escoamento para a nova fronteira agrícola do Maranhão e Piauí
e atrair novas cargas, como cimento e combustível.
Empreendimento
da estatal Valec, a Ferrovia Norte-Sul – que prevê a interligação do Centro
Oeste com o Sudeste – tem cerca de 1.300 quilômetros em obra. O trecho Sul I,
entre as cidades de Palmas (TO) e Anápolis (GO), com 855 quilômetros, está 95%
realizado e a previsão de conclusão é para julho. Já o trecho Sul II, com 682
quilômetros de trilhos entre Anápolis (GO) a Estrela D’Oeste (SP), está com
mais de 15% das obras executadas e é previsto para ser inaugurado em junho de
2014. “Essa ferrovia poderá ter impacto para o agronegócio, que pode ser capaz
de escoar 20 milhões de toneladas de grãos em dez anos por ali”, afirma Luiz
Fayet, consultor da Confederação Nacional de Agricultura (CNA).
Em
paralelo, a Valec também trabalha na construção da Ferrovia Integração
Oeste-Leste (Fiol), que vai ligar Ilhéus, no litoral baiano, a Figueiropólis,
no Tocantins, cortando toda a Bahia de leste a oeste.
As
duas novas linhas férreas da Valec trarão uma novidade para o marco regulatório
do setor: a estatal deverá ser responsável pela infraestrutura e manutenção dos
trechos, enquanto operadores e usuários poderão comprar capacidade de carga,
trens e vagões para transportar seus produtos, pagando o direito de passagem à
Valec. “Isso reforça a figura do usuário investidor, que deverá se tornar um
player importante no setor, abrindo mais uma fonte de recursos”, diz Luis
Baldez, presidente da Associação Nacional dos Usuários de Carga (Anut). Na
Fiol, uma mineradora já se comprometeu a comprar dez milhões de toneladas a ser
transportada pela nova ferrovia.
No
Centro-Oeste, a ALL está investindo R$ 750 milhões no projeto de expansão de
sua malha norte, com a construção de 260 km de trilhos entre o terminal do Alto
Araguaia e Rondonópolis (MT). Neste ano, devem ser aplicados R$ 150 milhões
para a conclusão do empreendimento, que vai entrar em operação até o fim do
ano. Isso deve permitir que o modal seja usado para escoamento da safra que
começa a ser transportada no início de 2013. Com a estrada de ferro, os
produtores poderão ter ganho de R$ 30 a R$ 35 por tonelada de grão, em relação
à rodovia.
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