domingo, 4 de março de 2012

Transporte Marítimo desacelera e empresas já são afetadas

 

A desaceleração da Marinha Mercante fez mais uma vítima esta semana e especialistas do setor preveem que novas moratórias causadas pelo endividamento pesado e o aperto de crédito vão eliminar as empresas menos competitivas.

A Marinha Mercante, geralmente considerada termômetro da saúde econômica mundial, tem sido prejudicada pela alta dos combustíveis e o declínio no comércio mundial, que derrubou o frete. O recuo dos bancos europeus da concessão de crédito — eles tradicionalmente respondem pela maioria do financiamento do transporte marítimo — piorou ainda mais o cenário do setor.

A indústria naval, concentrada na Ásia, em que concorrem grandes empresas como as sul-coreanas Hyundai Heavy Industries Co., Samsung Heavy Industries Co. e Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering Co., é a mais vulnerável por sua própria natureza de capital intensivo, que obriga os estaleiros a investir bilhões de dólares para manter a produção e financiar despesas operacionais.

A maior transportadora de petróleo e gás da Indonésia, a PT Berlian Laju Tanker, se tornou na terça-feira a mais recente baixa da crise, ao anunciar que não conseguiria pagar US$ 46 milhões que venciam no início de fevereiro. Isso depois de a norueguesa Frontline Ltd., uma das maiores operadoras de petroleiros do mundo, não conseguir cumprir seus compromissos no ano passado devido à oferta excessiva de navios, e informou que criaria uma nova subsidiária para assumir US$ 666 bilhões em empréstimos bancários.

“2012 será um ano difícil”, disse Kevin Oates, diretor executivo da consultoria de financiamento naval Marine Money Asia. Ele calcula que o setor precisará de cerca de US$ 200 bilhões nos próximos anos, o que provavelmente aumentará o custo de financiamento de muitas firmas de transporte marítimo.

Pequenos estaleiros chineses e sul-coreanos como Nantong Qiya Ship Engineering Co., Huigang Shipbuilding Co. e Samho Shipbuilding Co. já pediram concordata. O Samho, sediado na Coreia do Sul, entrou mês passado em processo de liquidação.

“Há casos de estaleiros mais combalidos pedindo concordata na China e alguns deles entraram em contato conosco para pedir ajuda”, disse Simon Liang, presidente do conselho do estaleiro chinês Sinopacific Shipbuilding Group, de capital fechado. Mas ele disse que a empresa está tomando suas decisões durante a crise muito cautelosamente.

O total de pedidos dos mais de 1.500 estaleiros da China, que sonha ultrapassar a Coreia do Sul e produzir o maior número de navios do mundo até 2015, caiu mais de 50% ano passado, segundo um relatório recente da Associação da Indústria Naval Chinesa.

Os estaleiros sul-coreanos afirmam que a demanda por navios como graneleiros, petroleiros e de contêineres continuará fraca o ano inteiro por causa da apreensão gerada pela crise de dívida da União Europeia.

“A oferta excessiva de navios novos, que está derrubando o frete, e o custo do óleo combustível serão os maiores desafios deste ano”, disse um porta-voz da Hanjin Shipping Co., maior estaleiro sul-coreano em faturamento. “Num momento em que não existe demanda, não temos escolha senão manter cautela com nossos gastos.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário