segunda-feira, 5 de março de 2012

Cabotagem precisa de portos modernos para funcionar redondinha



Meio de navegação tem de ser ampliado
Como obter um modelo de cabotagem eficiente e que acompanhe a demanda do País? Com base nesta questão é que um grupo de intercâmbio técnico do Sistema Portuário, Cooperaportos, – que tem como objeto a promoção de sinergia entre as instituições e órgãos integrados às atividades e empreendimentos do sistema portuário nacional – se reuniu na APPA, em Paranaguá. Na oportunidade, foi debatido um projeto de modelagem do porto piloto para as operações de contêiner de cabotagem com o propósito de estendê-lo, através da SEP (Secretaria Especial dos Portos), ao Sistema Portuário Nacional, bem como incorporar ao trabalho os outros componentes das atividades e empreendimentos da cabotagem, como o processo aduaneiro e, tudo sendo conduzido ao Conit (Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte). O objetivo disso, segundo Aluisio de Souza Moreira, engenheiro da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), é o de implementar um sistema de cabotagem consolidado visando o crescimento do setor. “O Brasil utiliza muito pouco este meio de transporte e o movimento do contêiner de cabotagem se limita a poucos portos, 82% desta via de navegação está concentrada em apenas seis dos 34 portos que temos no País e, aproximadamente, 60% deste total está em apenas três complexos”, afirma. Segundo a Antaq, ao todo, 23% da movimentação via cabotagem é operado por Santos, 19% por Manaus e 18% por Suape (18%).

Além disso, outro ponto preocupa o engenheiro. Entre 2006 e 2010 houve uma estagnação na movimentação de carga via cabotagem no Porto de Santos. “Isso porque a cabotagem não acompanha o modelo portuário, que contou com mudanças através de políticas fortes. O problema é que há uma demanda muito forte e está concentrada no rodoviário, o que é grave, porque não só inclui um custo maior, como também, o peso disso na logística preocupa. Se trata de uma consequência dos entraves que enfrentamos como a  carência de atracação, as paralisações operacionais, o cancelamento de escalas. Esses pontos levam o cliente a optar pelo  transporte terrestre”, afirma.

De acordo com o Cooperaportos, é preciso colocar em prática ações e resultados de modelagem do porto para atender a demanda reprimida do contêiner de carga nacional e internacional do transporte de cabotagem.

Aluísio acredita que o modelo da cabotagem é um modelo nacional reprimido e que o grupo pretende amenizar esses gargalos por meio de tecnologias e recursos de análise que permitem simular os benefícios da cabotagem e, desta forma, demonstrar como seriam melhorados os custos logísticos através de ferramentas que poderiam ser implementadas no sistema portuário nacional. “A ideia é ter um núcleo voltado para a cabotagem dentro do próprio Conit para avaliar esta via de transporte e criar soluções que permitam mais viabilidade á utilização da cabotagem”, afirma o engenheiro.

Meio ambiente
O Cooperaportos, além de apontar entraves do setor e buscar soluções, também ressalta os benefícios deste meio de navegação aquática. ‘É preciso ter uma eficiência energética e minimizar as questões ambientais. Na cabotagem a emissão de gás é oito vezes menor que o rodoviário. Além disso, a movimentação de carga por via terrestre faz lançamento de carga difusa, de partículas sólidas que ficam na estrada e se dirigem para os lagos, para os rios.” Extraoficialmente, estima-se que o Brasil derrame cerca de dez navios de partículas sólidas nas estradas. Isso é uma desastre ambiental enorme”, explica Aluísio.
Para o grupo, é preciso implementar e dar seguimento à formação de uma política de gestão ambiental portuária, com diretrizes gerais para o sistema, com o propósito de integrar, interagir, harmonizar e, efetivamente, alcançar o conceito do desenvolvimento sustentável das atividades e empreendimentos portuários.  Para o engenheiro, há diversas mudanças que precisam ser feitas e enumera: “O modelo da cabotagem  tem um mercado com alta demanda reprimida, tanto da carga nacional como o dos serviços “feeder”, prejudicando os interesses da economicidade dos transportes, com forte repercussão no PIB do País. A frota de navegação que, além do menor custo, agrega eficiência energética e vantagens ambientais comparados aos principais modais de transportes, ainda está muito aquém da demanda do mercado. As restrições impostas às atividades da cabotagem em Recintos Alfandegados, a  burocracia,  são exemplos de medidas cuja configuração não se adequou ao modelo portuário atual e é preciso mudar”, conclui.

Fonte: http://www.guiamaritimo.com.br/cabotagem-precisa-acompanhar-um-modelo-portuario-moderno/

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