segunda-feira, 23 de abril de 2012

Canteiro chamado Brasil



O conjunto de obras previstas para serem realizadas no Brasil até o ano de 2016 fará o país alcançar posição de destaque nos investimentos em infraestrutura e, por tabela, no mercado mundial de máquinas e equipamentos. A participação do Brasil neste segmento passou de 1% para 4% entre 2004 e 2010, percentual que deve se manter nos próximos dois anos. A estimativa é que com as cerca de 10 mil obras em andamento entre 2012 e 2016, nada menos que R$ 1,35 trilhão sejam investidos.
O levantamento é da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), cujo mapeamento detalha os investimentos e as demandas por região do país. Feito desde 2007, o Estudo Brasileiro de Máquinas e Equipamentos mostra que 57% da frota do país têm menos de cinco anos e, depois do baque da crise financeira internacional, entre os anos de 2008 e 2009, o segmento teve um boom em 2010, com 70% de crescimento. A previsão é de manter um crescimento de 10% por ano até 2016.
“A maior parte dos equipamentos utilizados no Brasil é produzida aqui mesmo, apenas 30% do mercado são de importados. Antes da crise, o país exportava metade da produção da linha amarela. Depois, a compra dentro do país caiu pouco, mas os mercados internacionais foram bastante afetados”, explica o economista e consultor da Sobratema, Brian Nicholson.
De olho nos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), da Petrobras, da Eletrobras, da Vale e dos planos estaduais e municipais na área de infraestrutura, a Sobratema analisa também o desempenho das obras e a avaliação dos fabricantes sobre o mercado. Na visão desses empreendedores, o maiores gargalos enfrentados atualmente são os atrasos, a carência de trabalhadores e o custo dessa mão de obra qualificada. No quesito atraso, os licenciamentos e as licitações aparecem como maiores entraves.
“Existe um gargalo de pelo menos 30 mil operadores de máquinas, que precisariam ser formados para ocuparem as vagas existentes hoje. O mercado tem se encarregado de treinar essas pessoas, mas mesmo assim a demanda é maior. O caso de Pernambuco é um exemplo. O estado já foi exportador de mão de obra e hoje está importando”, analisa Eurimilson João Daniel, vice-presidente da Sobratema.
Além disso, o que prejudica o crescimento do país é o conhecido “custo Brasil”. Para Brian Nicholson, os 4% do mercado mundial são significativos, mesmo na comparação com a China, que detém 48% do total, a América do Norte (15%), a Europa (11%) e a Índia (8%). “Levando em consideração que a China investe o equivalente a 45% do PIB e o Brasil tem mantido a média de 18,5%, esse resultado é significativo.
O custo Brasil prejudica principalmente o produtor e o trabalhador. Com menos desperdício, sobrariam recursos para aumentar o potencial de investimentos e a remuneração”, analisa.

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