terça-feira, 17 de abril de 2012

Condomínios de negócios


LOGÍSTICA Escassez de terrenos e lentidão nas licenças são algumas das razões que levam empresários a alugarem galpões customizados

Pernambuco descobriu o negócio dos condomínios logísticos. Criados há pouco mais de uma década, esses empreendimentos proliferaram em São Paulo e agora despontam pelo País. A ideia de construir e alugar galpões personalizados para as empresas, surgiu a reboque dos gargalos de infraestrutura e da burocracia brasileira. Escassez de terrenos, especulação imobiliária e lentidão nos licenciamentos são apenas algumas das razões que motivam empresários a desistirem de investir em construções próprias e se transformarem em inquilinos.
No Estado, os primeiros grandes condomínios surgiram na região vizinha ao Complexo de Suape. Quem passa pela BR-101, a caminho do Litoral Sul, percebe a mudança na paisagem às margens da rodovia. Onde antes predominava o cultivo de cana-de-açúcar, agora brotam galpões industriais e de armazenagem.
A Cone S.A. – empresa do grupo Moura Dubeux – comprou de usinas da região uma área equivalente a 1.250 campos de futebol (entre os municípios de Jaboatão dos Guararapes e o Cabo de Santo Agostinho) para erguer o Cone Suape. O condomínio de negócios oferece soluções integradas em logística.
“A explosão da demanda por bens de consumo, transformaram a operação logística em carro-chefe para as empresas. A necessidade de agilizar o transporte do Sul e Sudeste para o Nordeste (região que mais cresce no País) inviabilizou o atendimento direto da fábrica. É preciso ter centros de distribuição (CDs) localizados em regiões estratégicas", observa o diretor comercial da Cone S.A., Fernando Perez.
Além da construção dos galpões customizados para as necessidades das empresas, a Cone oferece o serviço Concierge Corporativo, ficando responsável pela identificação de áreas, licenciamentos, assessoria em geral, obtenção de incentivos fiscais e financiamentos, além da infraestrutura de água, energia e gestão de resíduos.
A Cone iniciou a construção dos módulos do empreendimento em 2011. Até agora já foram construídos 88 mil metros quadrados e outros 177 mil m² estão em fase de execução para serem entregues até o final do ano. Pelo menos 12 empresas fecharam contrato de locação dos galpões e outras 20 deverão se instalar na nova etapa em construção. Os clientes vão desde operadores logísticos até companhias dos setores de indústria e comércio, a exemplo da Rapidão Cometa, Tecmar, Gerdau, ArcelorMittal e outras. “A demanda está tão aquecida que já superamos em 20% a meta de contratos estimada em 2010 para o primeiro ano”, comemora Perez.
Para além das empreiteiras, investidores de outras áreas apostam no negócio dos condomínios logísticos. O empresário pernambucano Gerson Lucena vendeu a indústria de massas e biscoitos Vitarella e criou a GL Empreendimentos. Um dos braços do novo grupo é a Armazenna, um centro logístico que constrói e aluga galpões para armazenagem. O assistente comercial da GL Empreendimentos, Matheus Figueiredo, diz que o projeto já conta com três condomínios (Armazenna 1,2 e 3) e que um quarto está em fase de construção, no Cabo de Santo Agostinho, o Armazenna Suape. Os outros três funcionam em Prazeres, no município de Jaboatão dos Guararapes.
“O mercado de aluguel de galpões de armazenagem se sofisticou. Hoje, os condomínios oferecem estruturas com alto padrão de qualidade, dentro do conceito de oferecer soluções personalizadas para as necessidades dos clientes”, destaca Figueiredo. Isso sem falar na estrutura do condomínio, que oferece portaria blindada, segurança, brigada de incêndio e outros benefícios, que têm o custo diluído entre os condôminos.
O contrato médio de aluguel no Armazenna é de quatro anos e o valor é de R$ 16 por metro quadrado. O valor do condomínio é de R$ 2/m², proporcional ao tamanho da empresa. Hoje, o maior CD instalado no condomínio é o da Natura, com 22 mil m². Recém inaugurado, o CD funciona no Armazenna 2, atualmente o maior dos três blocos em operação. Em maio será inaugurado o primeiro bloco do Armazenna Suape, com 28 mil m². O projeto total terá 175 mil m².
Depois de vender a Fraldas Sapeka para a Hypermarcas, em 2010, o grupo goiano Almavi também decidiu aportar em logística no entorno de Suape, criando a Almavi Locação de Galpões. Com investimento total de R$ 150 milhões, a empresa conta com uma área de 465 mil m² no município de Ipojuca. “A primeira etapa dos armazéns (20 mil m²) será entregue até junho para a Wilson Sons (um dos maiores operadores de serviços marítimos do Brasil)”, adianta o gerente geral da Almavi, Mílton Rezende.
O executivo acredita que os condomínios logísticos vão se transformar em uma tendência. “Ao invés de imobilizar o capital numa estrutura de armazenagem, as empresas vão focar os investimentos nos seus negócios e locar os galpões”, acredita. Os contratos de locação da Almavi são de longo prazo (20 anos) e o valor médio do aluguel está entre R$ 16 e R$ 18 por metro quadrado.
Adriana Guarda /JORNAL DO COMMERCIO

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