Dez
anos após sua inauguração, o Porto do Pecém começa a se voltar para as
atividades para as quais estava planejado em sua concepção: permitir o
desenvolvimento do complexo industrial montado ao seu redor. De janeiro a março
deste ano, as cargas movimentadas no terminal relacionadas aos empreendimentos
do complexo superaram as tradicionais operações com contêineres, permitindo um
faturamento 53% superior ao do mesmo período do ano passado – e o maior para o
trimestre em sua história. No acumulado do ano, o porto obteve um faturamento
de R$ 10,70 milhões, contra R$ 6,98 milhões dos três primeiros meses de 2011. O
faturamento no primeiro trimestre deste ano só perde (e com pouca diferença)
para o do último trimestre de 2011 (R$ 10,71 milhões), quando as novas cargas
já garantiam um incremento nas contas.
Leque
expandido - "Nós mudamos o nosso leque, conseguimos aumentar
nossa movimentação em outras cargas. Isso significa que o porto está ficando
mais moderno, que não é mais um porto de uma carga só", analisa o
presidente da Cearáportos – empresa administradora do terminal portuário -,
Erasmo Pitombeira. "Essa configuração reduz a nossa dependência, que
existe quando estamos focados em um só segmento. Funciona como uma blindagem
para situações adversas, como a crise", complementa. E essa
"blindagem" já foi provada neste trimestre. No período, a
movimentação de cargas com contêineres, em toneladas, sofreu redução de 22% no
comparativo com o mesmo intervalo de 2011.
Nos
últimos 10 anos, o porto foi-se voltando para as atividades com este tipo de
carga, já que a siderúrgica e a refinaria, para as quais havia sido pensado,
não vieram. Contudo, a redução não gerou balanço negativo: as novas cargas
fizeram uma compensação, garantindo uma evolução de 29% no volume movimentado,
passando de 676,2 mil para 868,9 mil toneladas. De acordo com Pitombeira, a
queda nas operações com cargas conteinerizadas é um fenômeno ocorrido em todo o
Brasil, em virtude da redução nas exportações para Estados Unidos e Europa
motivada pela recessão nestes mercados.
Entre
as novas cargas movimentadas no Pecém, o maior destaque vai para o clínquer
(matéria-prima para a fabricação de cimento) e para o carvão mineral, ambos
motivados por novos empreendimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém
(Cipp). O primeiro vem por conta das duas cimenteiras construídas no complexo:
Votorantim e Apodi. Até 2010, o produto sequer entrava na lista de itens
movimentados no porto. Entretanto, neste ano, com 198,8 mil toneladas recebidas
somente de janeiro a março, o Pecém já possui a maior importação brasileira do
produto, ficando bem distante do segundo colocado, Santarém (Pará), que teve
63,0 mil toneladas.
Clínquer
– Neste momento, há um navio atracado no porto trazendo, sozinho, uma carga de
72 mil toneladas de clínquer.
Carvão
mineral – Já o carvão mineral é outro item que teve sua importação
iniciada no ano passado, para as operações de teste da termelétrica Energia
Pecém. Este ano, tanto esta usina quanto a Pecém II irão alavancar ainda mais o
recebimento desta carga, já que ambas entrarão em operação comercial. "A
movimentação do porto deverá aumentar bastante com estes produtos, que entram
agora como itens constantes, permanentes na nossa pauta, já que abastecerão as
usinas instaladas no complexo, incluindo a Companhia Siderúrgica do Pecém
(CSP), que também receberá o carvão", acrescenta o coordenador operacional
da Cearáportos, José Alcântara Neto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário