domingo, 27 de maio de 2012

Concluída dragagem histórica


PORTO DO RECIFE

Obra era esperada desde o início dos anos 90 e agora foi concluída. Terminal passa a ter 12 metros de profundidade.

Esperada desde o início dos anos 90, finalmente foi totalmente concluída a dragagem do Porto do Recife, o que representa o primeiro passo para a estatal voltar a movimentar mais carga. A profundidade média da área de atracação do cais ficou em 12 metros. Antes da dragagem, variava de 7 a 9 metros, diz o diretor comercial e de operações da estatal, Sidnei Aires. Na última terça-feira, o Porto encaminhou o resultado da batimetria final documento que atesta o resultado da dragagem  para a Capitania dos Portos. Essas informações serão analisadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil, que emite uma carta náutica, indicando, oficialmente, a profundidade da área de atracação do cais.

A expectativa é que a validação da Marinha ocorra no prazo de 60 a 90 dias, comenta Aires, acrescentando que a estatal está entrando em contato com os armadores para que mais navios façam escala no Porto no segundo semestre. A dragagem custou R$ 21 milhões, pagos pelo Estado.

É bom esperar a batimetria. No entanto, só a conclusão da dragagem já traz a expectativa de movimentar mais 20% em fertilizantes e a retomada da movimentação do coque de petróleo no Porto do Recife, além de aumentar a cabotagem, afirma o presidente do Sindicato das Agência Marítimas de Pernambuco, Ricardo Luiz Von Sohsten. Cabotagem é a navegação entre os portos brasileiros.

Outro operador que está muito animado com a conclusão da dragagem é o gerente regional da Rodrimar, Fábio Saboya. A empresa está trazendo outro guindaste do Porto de Santos para operar no Recife e investiu cerca de R$ 20 milhões para operar contêineres na estatal recifense, o que ocorreu em outubro do ano passado.

Segundo Saboya, o Recife será incluído na rota dos grandes armadores. E aí as cargas serão divididas pelo mapa rodoviário. As empresas que têm armazéns próximos ao Recife vão preferir que a carga desembarque na capital. E as que tiverem as centrais de armazenamento no Sul, vão para Suape, diz. Ele argumenta que hoje a grande rota de navios no Nordeste é Pecém (no Ceará), Suape e Salvador (Bahia).

A limitação da profundidade da área de atracação do cais fez o Porto do Recife perder cargas. Mas a dragagem da estatal se transformou numa verdadeira novela. A última tentativa foi realizada em 2009, mas faltou retirar uma pedra no canal de acesso à área de atracação, o que não estava contemplado na contratação do serviço. Na dragagem anterior, passaram um ano para fazer a batimetria e aí quando saiu o resultado (da batimetria) a área de atracação já estava assoreada, lembra Ricardo.

O Porto do Recife precisa de dragagem constantemente devido à sua posição geográfica: ele recebe a lama e detritos dos Rios Capibaribe e Beberibe, o que contribui para o assoreamento na área de atracação do cais. Até o começo dos anos 90, o Porto tinha uma draga chamada Brasília que fazia o serviço constantemente, recorda Ricardo.



Turbinar o Porto do Recife

De maneira discreta, até para não criar dúvidas sobre o potencial e a prioridade que confere a Suape, Pernambuco iniciou o reequipamento do tradicional Porto do Recife de forma a que, enquanto Suape não passa a operar uma maior quantidade de cais múltiplos, o Estado não perca cargas gerais e específicas para seus vizinhos na Paraíba e Alagoas.

Ao serviço de derrocagem que lhe deu 12 metros de calado, seguirá a definição de um ambicioso projeto de requalificação do velho terminal, separando claramente o que ficará como área portuária de lazer (da estação de passageiros aos armazéns do Cais de Santa Rita, onde será construído um hotel com shopping e centro de convenções) da área operacional onde estará o cais com 12 metros de profundidade.

Isso não quer dizer que governo não estimule a construção de um terceiro porto ao Norte, que atenderia ao polo que está sendo projetado para a região e que já conta com empresas que vão demandar serviços de porto. Mas é que tanto Suape quanto esse futuro terminal do Norte levarão anos para operar o que o Porto do Recife, reequipado, deve atender competitivamente.

Fonte: Jornal do Commercio – Economia 24/05/2012

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