EAS
tem até 30 de agosto para atender exigências, sob risco de perder encomendas de
16 navios petroleiros
A saída da coreana Samsung Heavy
Industries (SHI) da sociedade com o Estaleiro Atlântico Sul pode provocar muito
mais estragos ao EAS, em Suape, e à nascente indústria naval pernambucana. O
EAS tem que encontrar um parceiro tecnológico para substituir os coreanos, até
30 de agosto próximo, sob risco de perder o contrato para construção de 16 dos
22 navios petroleiros encomendados pela Transpetro. Ontem, a Transpetro
divulgou nota informado que estão suspensas a execução dos contratos com o EAS,
dentro do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Companhia (Promef).
Para fazer valer o contrato, o
EAS terá que cumprir três exigências. Vai precisar encontrar um parceiro
técnico com comprovada experiência na construção de navios, ter um plano de
ação e um cronograma confiável e um projeto de engenharia que atenda às
especificações técnicas contratuais. “Caso, ao final deste prazo (30 de
agosto), o EAS não cumpra essas exigências, os contratos poderão ser
rescindidos, mantida a possibilidade de aplicação de sanções previstas”, diz a
nota.
Com a suspensão, o Estaleiro
Atlântico Sul deixa de receber recursos que seriam aportados para a construção
dos navios. A Transpetro informou que não se responsabiliza por custos
ocorridos nesse período. Confirmou que estão mantidas as contratações para
construção de outros cinco navios, que ainda contam com a assistência
tecnológica da Samsung.
A decisão da Transpetro foi
tomada na última quarta-feira, dia 23, quando foi assinado com o EAS um aditivo
ao contrato com a suspensão. “Eles não têm um parceiro técnico nem projeto. E
sem isso não tem produtividade”, afirmou o presidente da Transpetro, Sérgio
Machado, em entrevista a O Globo. “Sem competência não dá, nem para o estaleiro
nem para nós. O que interessa não é brigar para acabar um navio. Temos que
implantar uma indústria naval competitiva em nível mundial”, disse.
Os controladores do EAS, Camargo
Corrêa e a Queiroz Galvão, informaram que o aditivo contratual da suspensão da
encomenda foi assinado de comum acordo entre as partes. A medida, afirmam, dará
maior flexibilidade para buscar outro parceiro ou provedor de tecnologia.
Segundo fontes, as conversas mais adiantadas seriam com o o grupo japonês
Ishikawajima-Harima Heavy Industries (IHI).
“Eu quero ter a garantia de que
os navios serão entregues nos prazos previstos e com qualidade, e também que o
estaleiro ganhe competitividade”, disse Machado. Segundo fontes do governo,
Machado estaria com os dias contados à frente da Transpetro, justamente pela
insatisfação da presidente Dilma Rousseff com o rumo das entregas dos navios. A
retomada da indústria naval é ponto de honra do governo, como era na gestão Lula,
emenda outra fonte.
Saída
A Samsung Heavy Industries (SHI) vendeu sua participação de 6% que detinha no
Estaleiro Atlântico Sul, depois de rumores de que assumiria o controle
acionário do EAS, com o apoio do governo federal. Também se cogitou que os coreanos
assumiriam o controle operacional e aumentaria sua participação acionária. As
outras sócias, Camargo Corrêa Naval e a Queiroz Galvão Participações e
Concessões detém hoje 50% do empreendimento cada uma.
Saiba mais
O EAS assinou em janeiro de 2007
o primeiro contrato com a Transpetro para construção de 10 navios Sezmax do
Promef. No mês seguinte, começou a construção do estaleiro, em Suape. A Samsung
entrou como parceira tecnológica em julho de 2007 e deixou a sociedade em março
passado.
Em 2008, o EAS assumiu contrato com a Transpetro para construir 5 petroleiros aframax, com a desistência do Estaleiro Rio Naval, vencedor da licitação.
Os outros contratos com a Transpetro para mais embarcações foram assinados em 2009.
O navio João Cândido foi entregue na última sexta-feira à Transpetro. A segunda embarcação batizada de Zumbi dos Palmares tem previsão de entrega até o final deste ano.
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