quarta-feira, 4 de julho de 2012

Caminhoneiro regulamentado ainda este ano




O setor de serviços se configurou como a principal atividade econômica do Estado nos últimos anos. Somente no primeiro trimestre de 2012, cresceu 4,5%, segundo dados da Agência de Planejamento de Pernambuco (Condepe/Fidem).

Por trás das estatísticas, há um ator essencial (e poucas vezes lembrado), responsável por mover toda a nossa cadeia logística: o caminhoneiro. Pelo calendário nacional, hoje o dia é dedicado a ele. Este ano, a categoria tem ummotivo a mais para comemorar, apesar de afirmar que ainda não conseguiu chegar a uma condição de trabalho ideal. Em 17 de setembro, começará a vigorar a Lei 12.619/2012, que regulamenta a profissão de motorista. O texto é resultado de anos de discussão entre empresários e trabalhadores e trata de pontos importantes como o tempo de direção e a jornada de trabalho.

Apesar de ter sido anunciada no início deste mês, muitos motoristas alegam que ainda têm dúvidas em relação à novidade. “Estabeleceram nosso tempo de direção e de descanso, mas onde vamos parar para descansar? Muitas regiões desse País não têm postos e não dá, como antigamente, para simplesmente estender uma rede embaixo do caminhão por causa do perigo de assalto. Além disso, muitos postos cobram diárias, entre R$ 10 e R$ 20 ou nos obrigam a abastecer e precisamos tirar do nosso bolso”, polemiza José Correia, de 62 anos.

A presidente Dilma Rousseff vetou o artigo que exigia a construção de bases de descanso nas estradas, argumentando que a exigência não constava nos contratos de concessão e que, nas estradas administradas por governos, as Parcerias Público Privadas (PPPs) não são adequadas para fazer obras pequenas, como as bases de apoio. Ficará a cargo da Polícia Rodoviária o papel da fiscalização.

Se flagrado, o caminhoneiro será multado em R$ 127 e terá registro de cinco pontos na carteira.

Com quatro infrações semelhantes, a habilitação é suspensa. Para o presidente da Associação Brasileira de Logística e Transporte de Cargas (ABTC) e vice-presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Newton Gibson, “a regulamentação chegou na hora exata e vai trazer mudanças nas estradas, reduzindo o índice de acidentes”.

Ele também admite que tudo isso terá um custo para as transportadoras e complementa: “o governo tem que tomar uma posição em relação ao problema de locais para repouso. É um entrave, mas terá que haver uma solução, inclusive envolvendo as concessionárias, que podem explorar essa atividade”.

Caminhoneiro há 48 anos, Genival Vieira fala mais da realidade profissional. Trabalhando como autônomo, consegue tirar, em média, R$ 3 mil por mês. “Trabalhando para uma empresa, tiraria entre R$ 2 e R$ 2,5, acredito”, calcula. Ele diz que uma carreta lotada do Recife para São Paulo custa cerca de R$ 3,5 mil. Para Salvador, mais ou menos R$ 1,5 mil.

“Mas o caminhoneiro não fica com esse valor todo. Além do alto custo de manutenção, algumas vezes os agenciadores ficam com 30%, 40% do valor.
Sem contar com os chapas (agenciadores de serviço)”. Nascido em Santa Cruz do Capibaribe, Genival já chegou a passar mais de 6 meses fora.



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