O setor de serviços se configurou
como a principal atividade econômica do Estado nos últimos anos. Somente no
primeiro trimestre de 2012, cresceu 4,5%, segundo dados da Agência de Planejamento
de Pernambuco (Condepe/Fidem).
Por trás das estatísticas, há um ator
essencial (e poucas vezes lembrado), responsável por mover toda a nossa cadeia
logística: o caminhoneiro. Pelo calendário nacional, hoje o dia é dedicado a
ele. Este ano, a categoria tem ummotivo a mais para comemorar, apesar de
afirmar que ainda não conseguiu chegar a uma condição de trabalho ideal. Em 17
de setembro, começará a vigorar a Lei 12.619/2012, que regulamenta a profissão
de motorista. O texto é resultado de anos de discussão entre empresários e
trabalhadores e trata de pontos importantes como o tempo de direção e a jornada
de trabalho.
Apesar de ter sido anunciada no
início deste mês, muitos motoristas alegam que ainda têm dúvidas em relação à
novidade. “Estabeleceram nosso tempo de direção e de descanso, mas onde vamos
parar para descansar? Muitas regiões desse País não têm postos e não dá, como
antigamente, para simplesmente estender uma rede embaixo do caminhão por causa
do perigo de assalto. Além disso, muitos postos cobram diárias, entre R$ 10 e
R$ 20 ou nos obrigam a abastecer e precisamos tirar do nosso bolso”, polemiza
José Correia, de 62 anos.
A presidente Dilma Rousseff vetou o
artigo que exigia a construção de bases de descanso nas estradas, argumentando
que a exigência não constava nos contratos de concessão e que, nas estradas
administradas por governos, as Parcerias Público Privadas (PPPs) não são
adequadas para fazer obras pequenas, como as bases de apoio. Ficará a cargo da
Polícia Rodoviária o papel da fiscalização.
Se flagrado, o caminhoneiro será
multado em R$ 127 e terá registro de cinco pontos na carteira.
Com quatro infrações semelhantes, a
habilitação é suspensa. Para o presidente da Associação Brasileira de Logística
e Transporte de Cargas (ABTC) e vice-presidente da Confederação Nacional dos
Transportes (CNT), Newton Gibson, “a regulamentação chegou na hora exata e vai
trazer mudanças nas estradas, reduzindo o índice de acidentes”.
Ele também admite que tudo isso terá
um custo para as transportadoras e complementa: “o governo tem que tomar uma
posição em relação ao problema de locais para repouso. É um entrave, mas terá
que haver uma solução, inclusive envolvendo as concessionárias, que podem
explorar essa atividade”.
Caminhoneiro há 48 anos, Genival
Vieira fala mais da realidade profissional. Trabalhando como autônomo, consegue
tirar, em média, R$ 3 mil por mês. “Trabalhando para uma empresa, tiraria entre
R$ 2 e R$ 2,5, acredito”, calcula. Ele diz que uma carreta lotada do Recife
para São Paulo custa cerca de R$ 3,5 mil. Para Salvador, mais ou menos R$ 1,5
mil.
“Mas o caminhoneiro não fica com esse
valor todo. Além do alto custo de manutenção, algumas vezes os agenciadores
ficam com 30%, 40% do valor.
Sem contar com os chapas
(agenciadores de serviço)”. Nascido em Santa Cruz do Capibaribe, Genival já
chegou a passar mais de 6 meses fora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário