sexta-feira, 8 de março de 2013

Em Suape, Petrobras confirma início da operação da Refinaria Abreu e Lima para novembro de 2014




O diretor corporativo da Refinaria Abreu e Lima, João Aquino, disse ao Blog de Jamildo, nesta quinta-feira, em Suape, que a obra fica pronta de todo jeito em 2014, depois de vários adiamentos no cronograma da obra. A coluna eletrônica participou nesta quinta-feira de uma visita oficial ao empreendimento.
“A refinaria começa a operar em novembro do ano que vem. É a data que vamos acender os fornos para valer. Já no fim deste ano de 2013 estaremos com mais de 90% das obras concluídas. Podemos dizer que trata-se de um planejamento exequível. O prazo é bem factível porque os cronogramas não foram feitos em gabinetes, mas sim aqui dentro da obra”, observou o executivo.
Neste momento, a refinaria acaba de concluir a subestação de energia que dará suporte a obra. A refinaria não vai nem pode depender da Celpe. Com a energia que vai produzir no projeto, daria para abastecer uma cidade de cerca de 500 mil habitantes.
A empresa diz que as obras continuam até pelo menos 2016, quando a refinaria estará produzindo a todo vapor.
A obra é gigantesca. São 630 hectares de área. De acordo com a empresa, na obras, já foram movimentados 24 milhões de metros cúbicos de terra.
Nesta fase, as obras estão empregando cerca de 40 mil trabalhadores e o número deve começar a cair progressivamente. No pico, a refinaria já empregou cerca de 50 mil operários. Para matar a fome do batalhão de operários, são servidas ainda 65 mil refeições ao dia. Quando estiver em operação, a refinaria deve dar emprego a cerca de mil trabalhadores.
O executivo contou ainda ao Blog de Jamildo que o projeto da refinaria já nasce com a possibilidade de ampliação, dos 230 mil Bpd (barris de petróleo por dia) para 380 mil ou 400 mil bpd. Obviamente, que a decisão depende da evolução do mercado interno. No passado, por motivos econômicos, a política da empresa sempre privilegiou a ampliação de unidades já em produção, no lugar de partir para uma nova unidade. Para que se tenha uma ideia, a refinaria do Nordeste já era planejada desde 1985, mas a empresa decidiu pela ampliação da unidade de Mataripe, na Bahia, por motivos econômicos.
“A refinaria de Pernambuco não saiu antes porque não foi demandada. O Brasil não crescia. Os pequenos aumentos de demanda da região eram atendidos pelas (expansões) das unidades que já existiam”, explicou.
Risco de vazamentos
Com o início das operações, os pernambucanos vão ser apresentados a uma ameaça concreta que vem junto com os empregos e a geração de renda no Estado. Os riscos de vazamento de óleo serão reais. A empresa diz que está preparada para eventualidades, mas acidentes podem ocorrer, até mesmo no Estado-sede da empresa, no Rio de Janeiro.
“A segurança é uma religião para nós. Gasolina pode pegar fogo e gases podem explodir”, diz João Aquino.
No caso de Suape, um eventual dano é mais grave porque a refinaria está sendo construída próximo a um pólo turístico.
“Há um plano de contenção, para o caso de vazamentos. Para o caso de acontecerem, o óleo não chegar às praias. A empresa prevê a colocação de barreiras, com embarcações para sugar o óleo e jogar dispersantes”, explica o executivo.
Não tem como não ter esses riscos porque petróleo, em grande volumes, tem que ser transportado por navios e navios precisam de portos. O melhor ponto da costa, no Nordeste, era Suape, depois de a empresa ter pesquisado ainda Pecém, no Ceará, e Itaqui, no Maranhão.
João Aquino conta, inclusive, o dia em que lhe falaram pela primeira vez da localização do projeto, junto ao balneário de Porto de Galinhas, conhecido por suas águas mornas nacionalmente. “Vocês beberam?, eu perguntei. Fazer um projeto desta magnitude na vizinhança tão especial, como um centro turístico. Para a empresa, era mais um desafio”, rememora.
Água é o maior problema para o futuro
O diretor corporativo da Refinaria Abreu e Lima admitiu que o maior problema, para o futuro da refinaria, é mesmo a questão hídrica. O problema ocorre porque uma obra desta natureza precisa de muita água, em especial para realizar o resfriamento de algumas unidades.
“É uma grande preocupação, de fato, porque uma refinaria bebe água, muita água, no processo produtivo”.
Nesta quarta-feira, sem alarde, a Petrobras manteve uma reunião com a Compesa, para tratar justamente do assunto, em tempos de racionamento de água na Região Metropolitana do Recife. Segundo o executivo, a estatal demonstrou que terá condições de atender a demanda da refinaria.
Atualmente, a obra recebe água de Bita e Utinga, dois mananciais que já atendem o porto de Suape e estão operando hoje no limite da capacidade. Por isto, a ideia é que a refinaria possa ter um reforço com captação no Rio Ipojuca, com a nova barragem anunciada pela Secretaria de Recursos Hídricos, chamada Engenho Maranhão.
A demanda de água bruta da refinaria será de 1,5 mil metros cúbicos por dia. “A gente sabe que a situação está crítica, por isto conversamos sobre o futuro, sobre o que pode ser feito junto”
No futuro, a empresa não descarta a possibilidade de usar água do mar, por meio de dessalinização. “O Velho Chico já está esgotado, os mananciais locais, também. Quando não tiver mais onde pegar água, vamos ter que usar água de onde tiver”, avisa.
Custo da refinaria
A Refinaria Abreu e Lima, em construção em Suape, é o maior investimento já planejado para Pernambuco. Seus contratos foram questionados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e investigados até por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A questão que se colocadou é quanto custará a refinaria, uma resposta que a Petrobras não tinha para para dar até recentemente. A companhia já admitiu não fazer a menor ideia desse número.
A Petrobras, apesar de ter controle estatal, se negava a prestar contas do dinheiro público. Ignorava repetidas vezes pedidos de informação. A tão sonhada refinaria é um mistério para o pernambucano.
Quando anunciado, em 2005, o custo do empreendimento mal ultrapassaria R$ 4 bilhões. No último orçamento divulgado pela Petrobras, chegou a R$ 26,7 bilhões, alta de R$ 3,7 bilhões diante do número que a própria companhia anunciou em dezembro de 2009.

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