A resposta política ao leilão do primeiro campo do pré-sal no Brasil desvendou uma bandeira com forte potencial de exploração na agenda eleitoral de 2014. O desfecho da licitação sem concorrência, “vencida” pelo consórcio formado pela Petrobras e quatro empresas estrangeiras, foi alvo de críticas do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), da ex-senadora Marina Silva (PSB) e do senador Aécio Neves (PSDB), possíveis adversários da presidente Dilma Rousseff (PT) no próximo ano. A petista, por sua vez, já ensaia discurso de reação – com chances de capitalizar o tema em seu favor.
Campos foi um dos mais duros ao contestar o leilão. Em sua página no Facebook, afirmou que “os brasileiros viram com muita decepção uma área gigante do pré-sal, o campo de Libra (na Bacia de Santos), ser leiloada pelo preço mínimo e sob um processo pouco debatido com a sociedade”. Na frente tucana, Aécio chamou o leilão de “fracasso” e atacou suposta contradição do governo ao abrir o pré-sal ao capital privado. “Tenho que saudar desta tribuna a conversão do PT às privatizações”, disse, em seu discurso no Senado, propondo que Dilma deveria ir ao rádio e à televisão agradecer ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por ter feito a abertura do setor petrolífero. Na campanha eleitoral de 2010, Dilma chegou a gravar propaganda na qual acusava o PSDB de querer privatizar o pré-sal.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Marina contestou a falta de concorrência na licitação e questionou a exploração em águas profundas sem a aprovação de plano de contingência para evitar desastres ambientais. Apesar da forte movimentação, o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Deivid Fleisher avaliou ao O POVO que o uso do pré-sal na campanha de 2014 pode ser estratégia arriscada para os adversários.
Segundo ele, pesará a favor da petista números estratosféricos dos investimentos e possíveis lucros da nova empreitada na área de petróleo. “Por isso, em parte, eles (adversários) têm receio de jogar. Dilma poderá fazer disso parte importante de sua campanha”. A aparição em rede nacional após a batida de martelo do leilão, mostrou como o governo deverá usar suas cartas: rebatendo a acusação de “entreguismo”, ressaltando a participação da Petrobras no consórcio e tentando ilustrar em cifras o potencial do pré-sal. (com agências)
A Petrobras tem 40% no consórcio. A anglo-holandesa Shell 20%; a francesa Total, 20%; e as chinesas CNPC e CNOOC 10%, cada. A União receberá R$ 15 bi como bônus, além de ganhos em royalties e excedente de óleo.
Fonte: FERNANDO FRAZÃO / AGÊNCIA BRASIL
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