sexta-feira, 17 de abril de 2015

NAVIOS QUE ABASTECIAM EM SUAPE PRECISAM REPROGRAMAR VIAGEM E VÃO PARA SANTOS


Os erros cometidos pelo governo federal na gestão energética do País estão atingindo um alvo inusitado: os navios de grandes transportadoras que operam em Pernambuco. Há seis meses a Petrobras não disponibiliza o bunker – óleo combustível para as embarcações – no Complexo Industrial Portuário de Suape. O motivo, segundo a estatal, é o direcionamento do produto para atendimento às termelétricas.


Segundo a Petrobras, única fornecedora do produto no Brasil, o volume de aproximadamente 5.000 toneladas mensais do combustível deixou de ser encaminhado para Suape desde setembro do ano passado. “As operações de óleo combustível nas instalações da Transpetro no porto de Suape estão comprometidas por conta do atendimento às térmicas”, diz um trecho da resposta oficial da estatal aos questionamentos da reportagem. A companhia não deu previsão para normalizar o atendimento, pois “está avaliando as alternativas logísticas para voltar a oferecer o combustível em Suape”.

Segundo o diretor de Planejamento e Desenvolvimento da Log In Intermodal, Cleber Lucas, a falta do bunker faz com que a empresa tenha que suprimir rotas, já que é preciso reprogramar as viagens para abastecer em Santos, em São Paulo, e não mais no Nordeste. “E isso é tirar carga de Suape”, alerta. A Log In é um dos armadores que atuam em Suape e têm no terminal um dos seus mais importantes pontos de conexão entre os destinos atendidos dentro e fora do País. O bunker é, ainda, uma vantagem competitiva que os portos brasileiros oferecem para as viagens de longo curso – aquelas que incluem portos internacionais: as operadoras desses navios não pagam PIS, Cofins nem ICMS sobre o combustível.

Cleber Lucas também é presidente da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac) e não aceita a explicação da Petrobras. “Na verdade, isso é uma falta de planejamento e falta de uma decisão da Petrobras de incrementar os estoques de Suape. Não acredito que esteja faltando bunker no Brasil”, critica.

Os problemas dos armadores de Suape começaram bem longe do porto. No início dos anos 2000, as térmicas foram a opção do governo para formar uma rede de segurança em relação ao sistema hídrico. Embora o modelo tenha falhado, ao não suprir a demanda e ao gerar uma energia cara, foi mantido. Em 2013, a redução “artificial” do valor da tarifa criou um buraco nas contas do setor, que continua usando a cara energia das térmicas para tentar compensar a escassez de água. É para este “ralo” que supostamente está indo o bunker que deveria estar em Suape.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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