sábado, 30 de abril de 2011

Porto de Suape - Por Frederico Amâncio


Nos últimos anos, o Complexo Portuário de Suape (PE) tem sido citado como exemplo de crescimento e expansão. E os números não deixam de provar os méritos desse porto pernambucano que, em pouco mais de três décadas de existência, conseguiu se firmar como um dos mais importantes terminais do país. Só em 2010, foram movimentadas nove milhões de toneladas de cargas, 16% a mais que em 2009, crescimento maior que Santos, o principal porto brasileiro e “hub port” da América do Sul – que obteve 15%.

Hoje, Suape não é visto mais somente como um porto, mas como um polo de desenvolvimento nas mais diversas áreas. “Trabalhamos para atrair empresas que abasteçam esse novo mercado de petróleo, gás, offshore e naval”, diz o vice-presidente de Suape, Frederico Amâncio. No segmento dos contêineres, o crescimento foi de 34% em unidades (TEUs). Pelos terminais do complexo, passaram 3,9 milhões de cargas em 217 mil contêineres. Quanto aos produtos movimentados, os granéis líquidos continuam em destaque com 4,1 milhões de toneladas com predominância para o gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha, dominando os registros com aumento de 25%. Também nos derivados de petróleo, destacaram-se a gasolina, com acréscimo de 35% e o querosene de aviação, que movimentou mais 31% em 2010.

As importações cresceram 19%, ou seja, pelos cais de Suape, entraram 5,6 milhões de toneladas de produtos. Já as exportações aumentaram 7,7%, embarcando mais de dois milhões de toneladas de produtos. A novidade foi a chegada dos automóveis da GM, transformando Suape em sua plataforma de distribuição de veículos, produzidos na Argentina, para o Norte-Nordeste do Brasil. O crescimento das importações e das operações em cabotagem, de 20%, com um volume embarcado de 5,4 milhões de toneladas, é visto por especialistas como sendo uma nova vocação de Suape, de ser um “hub port”, ou seja, um forte distribuidor de mercadorias para o Norte-Nordeste.

PETROQUÍMICA E REFINARIA

Tanto crescimento atrai ainda mais empreendimentos, a exemplo da Petroquimica Suape, da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), este já em operação. Mas a administração do porto acredita que não adianta apenas ter bons resultados, sem oferecer uma boa infraestrutura logística. No caso do EAS e de outros estaleiros que estão chegando a Suape, o vice-presidente do Complexo, Frederico Amâncio, explica que o porto fica responsável pela dragagem enquanto que cada unidade constrói seus cais. “No porto interno, já dragamos a bacia de evolução e os braços direito e esquerdo relativos à Ilha de Tatuoca. Estamos estudando a continuação do canal para uma nova dragagem”, diz.

Naturalmente, Suape possui 15,5 metros de profundidade no seu porto externo e nos cais internos. Após uma dragagem realizada próximo ao molhe onde foram construídos dois terminais petroleiros, são 20 metros para receber os navios de até 170 toneladas da Refinaria Abreu e Lima. Para o gerente geral da Rnest, Wilson Ramalho, esses investimentos servem como uma contrapartida do avanço trazido para Pernambuco pela Petrobras. “O porto já foi dragado e ampliado para ganhar um molhe em um dos terminais, que terá capacidade de receber mais um navio. Isso ratifica a decisão acertada da Petrobras em escolher o Estado”, diz.

Ele completa explicando que Suape tem, além de uma boa infraestrutura portuária e de uma excelente posição logística, uma zona industrial estruturada e o segundo mercado de derivados do Nordeste. Depois de 30 anos sem implantação de novas unidades de refino, com a Rnest, a Petrobras volta a crescer em capacidade. “Com as atividades do pré-sal, é natural que cresça essa demanda e a prioridade foi investir no Brasil”, garante Wilson Ramalho, lembrando que a Refinaria Abreu e Lima é o maior projeto da Petrobras em execução.

A capacidade de produção da Rnest será de 230 mil barris de petróleo por dia, quando estiver em operação. Ela foi concebida para converter 70% de seu volume de processamento em óleo diesel, produzindo 28% desse combustível utilizado no Brasil. “Essa refinaria difere um pouco do perfil das demais, que não têm capacidade para refinar o tipo de produto que a Rnest trabalhará. Ela é considerada uma máquina de fazer dinheiro, porque pegará petróleo de baixa qualidade e o transformará em diesel de excelente qualidade, nos padrões europeus”, garante.

Ainda segundo o diretor, os investimentos já realizados na refinaria, entre 2006 e 2010, de R$ 2,5 bilhões, representam 12% do Produto Interno Bruto de Pernambuco. A perspectiva é de que sejam gerados 150 mil empregos diretos e indiretos. A maior parte do produto produzido pela Rnest será utilizada pela Petroquímica Suape, empreendimento com orçamento previsto de R$ 5 bilhões. “Esse valor subiu um pouco por conta do pequeno atraso nas obras, que está dentro da margem de previsão”, explica Edilberto Castro, gerente geral da PTA e PET da Petroquímica.

A Companhia Petroquímica de Pernambuco foi criada com o objetivo de estruturar uma cadeia nacional para produção de poliéster em Suape, que, em operação no segundo semestre de 2011, será o mais importante polo integrado de poliéster da América Latina. O projeto é constituído de três plantas integradas para produzir: ácido tereftálico (PTA), resina e fios de poliéster têxtil e resina para embalagem PET. “Cerca de 90% da produção de PTA será consumido pela própria Petroquímica, o restante distribuído para fábricas de tintas da região”, afirma Edilberto. O faturamento abual do empreendimento está previsto em R$ 4 bilhões, com 1.800 funcionários. Só na construção, estão sendo gerados 11 mil empregos.

Fonte: http://www.caisdoporto.com/v2/listagem-materias-detalhe.php?id=2&idMateria=387

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