terça-feira, 3 de maio de 2011

Porto do Recife


Depois de anos de um certo esvaziamento, o porto do Recife aponta para uma nova fase de investimentos naparte operacional, com transformações que deverãopermitir o aumento na movimentação e consequente lucro.Hoje, a unidade opera com somente 60% de sua capacidadetotal, mas a partir do mês de abril o cenário vai mudar. Apromessa é do novo diretor-presidente do complexo, PedroMendes, que assumiu a função no mês de janeiro com a missão de recuperar o porto.

“Nos últimos anos, tinha-se a visão de que o portonão podia mais concorrer com os vizinhos e, por isso, foi surgindo a ideia de que este era apenas um ambiente turístico, sem operacionalidade, o que não é verdade”, destaca Mendes. O presidente anunciou que, depois de cincoanos sem operar contêineres, o porto voltará a embarcar e desembarcar cargas conteinerizadas. “Comercialmente falando, teremos duas operações grandes de contêineres: a primeira, que já começa em abril, envolve a empresa Rodrimar. A segunda, em relação a qual já foi assinado ummemorando, deverá ser confirmada nos próximos dias, coma Gulftainer, um grupo dos Emirados Árabes, administradopor empresários americanos, que deverá se instalar no Brasil”, comemora.

O presidente explica que as negociações para a vinda das duas empresas começaram no ano passado, durante a Feira Intermodal, em São Paulo, e foram possíveis, também, graças aos investimentos feitos no porto, a exemplo da dragagem que aumentou o calado para 11,5 metros. O diretor de Operações e Engenharia do porto, Hermes Delgado, explica que as operações dasduas empresas, só no primeiro ano, representarão um aumento de 30% na movimentação financeira do porto doRecife. “Serão mais de 30 mil TEUs operacionalizadas. E atendência é de crescimento a cada ano”, destaca.

Em 2009, o Porto do Recife teve um grande prejuízocom a saída da Bunge Alimentos. A empresa transferiu todaa movimentação de trigo, em torno de 340 mil toneladas por ano, para o Complexo Portuário de Suape, onde foi construído o novo moinho do grupo, com investimento de R$126 milhões. O trigo representava 25% da movimentação do porto. Pedro Mendes não desanima quando é feita qualquer comparação. “Nós entendemos que o porto do Recife é complementar a Suape. Ele tem crescido porque os investimentos para Pernambuco têm aumentado. Suapefoi pensado e desenvolvido ao longo de 30 anos”, diz.

Mas o presidente faz questão de ressaltar algumasdiferenças básicas entre os dois terminais. “O terminal do Recife é um porto urbano, que dialoga com a região metropolitana. Temos uma tendência comercial, também voltada para área turística, mas sem deixar de lado a questão operacional”, finaliza.

DESEMBARAÇO ADUANEIRO E CABOTAGEM

No porto do Recife, a busca agora é por investimentos em novas tecnologias e meios para desburocratizar o embarque e desembarque de cargas. Com a expectativa para chegada de duas grandes operações de contêineres, a partir das empresas Rodrimar e Gulftainer, a corrida é ainda maior. “A movimentação de contêineres exige uma velocidade maior e acaba trazendo mais investimentos para o porto”, esclarece o diretor-presidente Pedro Mendes.

Novos projetos como o Porto sem Papel, da Secretaria Especial de Portos, estão na mira do administrador. “Nós já pedimos à SEP informações para nos qualificarmos e recebermos o Porto sem Papel. Além disso, estamos em busca de novas ferramentas de informática, um software de gestão portuária para melhorar a qualidade das nossas operações”, argumenta.

Hoje, todos os pátios onde há operações no porto do Recife são públicos, mas o diretor afirma que, já a partir do próximo ano, há o pensamento de arrendar alguns armazéns. Para o diretor de Operações e Engenharia, Hermes Delgado, hoje, as cargas não demoram a ser embarcadas ou desembarcadas no porto. “O tempo do navio no cais depende muito do tipo de carga, mas não ouvimos reclamações de problemas enfrentados por conta da burocracia”, esclarece.

O motorista João Silvino, de 53 anos, trabalha há mais de quinze na atividade. Hoje, ele faz o transporte de cimento que chega importado de Portugal. “Nunca enfrentei problemas para carregar o caminhão, a não ser os que já são esperados por conta da carga que precisa de alguns cuidados especiais”, explica. A expectativa de novos investimentos em maior tecnologia deixa o caminhoneiro animado. “Tudo que chega para agilizar o serviço é melhor”, garante.

Hoje o perfil do porto do Recife é muito mais de navegação de cabotagem do que de longo curso. Pedro Mendes explica que a relação com portos vizinhos é boa e que o Recife também está na batalha para incentivar as empresas a utilizarem os portos sempre que possível. “Recentemente, tivemos reunião com empresas arrozeiras de todo o Norte e Nordeste. Nossa ideia é que toda a carga produzida por elas seja transportada por meio aquaviário”, destaca.

LOGÍSTICA

Com a perspectiva do reinício das operações de contêineres no porto do Recife, os investimentos estão acontecendo a todo vapor. Só no último ano, a unidade já recebeu cerca de R$ 21 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC. Há quem diga até que o complexo tem se transformado num canteiro de obras, como há muito tempo não se via. E tudo para agilizar a logística de embarque e desembarque. “Esses investimentos têm como foco ampliar nossa área de negociação, com diversos segmentos”, justifica Pedro Mendes, o diretor-presidente do porto.

Ele completa que, na unidade, está sendo executado o PDZ (Plano de Desenvolvimento e Zoneamento). O projeto, orçado em R$ 368 mil, indica as possibilidades de expansão e/ou especialização das instalações existentes ou a serem construídas na área do porto organizado, bem como a organização espacial dessas instalações, os sistemas de acessos viários e as regras básicas de uso e ocupação do solo portuário.

Até agora, o porto já passou por uma reforma geral em sua sede, com investimentos de R$ 1,5 milhão, nas vias de acesso (R$ 3,6 milhões), além de intervenções nos galpões 5 e 6, que custaram R$ 2,1 milhões, da requalificação da antiga área de armazenagem do coque de petróleo (R$ 400 mil), da região de transbordo (R$ 539 mil) e da recuperação do silo que era utilizado pela Ceagesp, Central de Abastecimento, (R$ 844 mil). “Nesse processo da nova gestão, queremos tornar o porto eficiente no caráter econômico, energético, ambiental e na qualidade da prestação de serviços”, diz Mendes.

Pedro Mendes explica ainda que todos os contratos passam por auditoria de faturamento, tudo para que não haja dúvidas sobre a aplicação dos investimentos. “A grande expectativa é para a movimentação de novas cargas até o final do ano”.

Por enquanto, o lucro maior do porto se deve à exportação de açúcar a granel para Europa e Estados Unidos, que em 2010 atingiu quase 586 toneladas, além da importação de granéis sólidos, como fertilizante e cevada, barrilha, bobina de aço e cimento, que chega de Portugal. Quanto ao coque de petróleo, o porto não faz mais o armazenamento nem a estocagem. “Nos últimos meses, nós ainda contamos com cargas de máquinas que vieram da China”, acrescenta Pedro Mendes.

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