terça-feira, 24 de maio de 2011

Entendendo Suape



Até abril foram contabilizados no complexo portuário R$ 22 bilhões em investimentos privados em andamento, mais de R$ 50 bilhões quando colocados os investimentos das empresas públicas nessa conta. Eles já produziram 20 mil empregos diretos e mais de 35 mil operários nas obras. São mais de 100 empresas instaladas e 30 em fase de implantação. Mas, e daí?

Quando o então governador de Pernambuco Eraldo Gueiros Leite lançou a pedra fundamental do Porto de Suape em 1974, certamente já conhecia o potencial de impulsionamento econômico que a iniciativa representava para o Estado. Afinal, desde a década de 60 existiam estudos que fundamentavam o seu nascimento, forjado no moderno conceito de integração porto-indústria representado na época pelos portos de Marseille-Fos, na França, e Kashima, no Japão.

Do plano diretor que nasceu em 1973, passando pela desapropriação dos 13,5 mil hectares que hoje compõem sua extensão, até a criação, em 7 de novembro de 1978, da empresa Suape, destinada a administrar a implantação do distrito industrial, as obras e as atividades portuárias, o complexo portuário teve um lento desenvolvimento até o período que contemplou Jarbas Vasconcelos/Eduardo Campos como governadores de Pernambuco.

Jarbas lançou as bases investindo de maneira prioritária e objetiva em infraestrutura e atuando no fomento de investimentos estruturadores caracterizados pela atração de uma cadeia produtiva com segundo e terceiro nível de fornecimento. Eduardo conseguiu que os empreendimentos anunciados saíssem do papel e mudou o patamar de investimentos na infraestrutura de Suape, com um volume de recursos que atingiram R$ 1,1 bilhão durante seus quatro primeiros anos de governo, de 2007 a 2010.

Dessa forma, além de garantir o processo de implantação da refinaria, estaleiro e Petroquímica, viabilizou também a implantação de outros, como o Moinho da Bunge, que teve a intenção da multinacional materializada a partir da disponibilização de uma área apropriada à sua implantação e também da construção do cais 4.

Esses investimentos atraíram outras empresas, como a argentina Impsa, que veio para fabricar aerogeradores e tornou-se indutora da implantação do polo de energia eólica, que hoje conta com a RM, especializada na produção de torres, pertencente ao grupo espanhol Gonvarri.

Fernando Bezerra Coelho, que acumulou na primeira gestão de Eduardo Campos a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e a presidência de Suape (a exemplo do que acontece hoje com Geraldo Júlio de Melo), teve a preocupação estratégica de dar densidade a essa cadeia produtiva e planejou a captação de seus elos.

Como resposta a esse esforço, recentemente começaram as obras da Iraeta, outra empresa do grupo Gonvarri, que produzirá as flanges. Além dela, o complexo portuário negocia hoje com duas fabricantes de pás eólicas, o que fecharia essa cadeia produtiva, além de uma concorrente da RM.

A gestão de FBC teve o mérito de agrupar empreendimentos que trarão reflexos
econômicos, sociais e financeiros para o Estado nas próximas décadas a partir do adensamento de suas cadeias produtivas. Falamos aqui das indústrias de petróleo e gás, naval e offshore, automotiva e da siderúrgica, que catapultará a metalomecânica. Além dessas, outras cadeias ganharam densidade, como a de alimentos, na qual se encontram marcas como Pepsico e Arcor; bebidas, com a Coca-Cola Guararapes e a Pernod Ricard; construção, com Pamesa, Amanco, Cimentos Brasil e Usiminas.

Maio começou com a ampliação do cluster naval e a construção do segundo estaleiro. Além dele, outros dois estão com o protocolo de intenções assinado, um para produzir megablocos e o outro, módulos para plataforma.

Suape hoje

O novo plano diretor de Suape estará pronto até junho e expandiu seu olhar até 2030. Funcionará como base para o planejamento estratégico de Suape nos próximos 20 anos e foi desenvolvido pela Projetec, empresa de consultoria do exsecretário de Planejamento de Pernambuco, João Recena, em parceria com a Planave, empresa carioca reconhecida nacionalmente. O estudo recebeu ainda uma segunda opinião emitida pelo Porto de Roterdã, maior e mais bem-estruturado complexo portuário do Ocidente.



Números (2009/2010)
9 milhões de toneladas. Esse foi o número alcançado pelo Complexo Industrial Portuário de Suape no ano de 2010 em relação a movimentação de cargas. As importações cresceram 19,63% sobre os totais de 2009 atingindo 5 milhões e 600 mil toneladas de produtos.

As exportações cresceram 7,72% embarcando 2 milhões e 135 mil toneladas de produtos. Os índices globais da movimentação representaram 16,34% de crescimento sobre os números de 2009, um número maior que o crescimento do principal porto brasileiro (Santos) e “hub port” da América do Sul – que obteve 15,6%.

O crescimento mais significativo foi no número de contêineres que aumentou 34,05% com relação a 2009, sendo que em unidades (TEUs36,), o aumento foi de 34,40%. Pelos terminais do complexo passaram 3914 mil toneladas de cargas acondicionadas em 217.853 mil contêineres.

Quanto aos produtos movimentados, os granéis líquidos continuam em destaque com 4 milhões 152 mil toneladas no exercício com predominância para o gás liquefeito de petróleo, e o gás de cozinha que domina os registros com aumento de 25,76 por cento.

Também nos derivados de petróleo, destacaram-se a gasolina, com acréscimo de 35,62%, e o querosene de aviação que movimentou mais 31% no ano que passou. A cabotagem-trocas internas de mercadorias – cresceu 20% nesse período com um volume embarcado de 5409 mil toneladas.

O crescimento das importações e o crescimento das operações em cabotagem contribui com o fortalecimento da vocação de Suape como um “hub port”, um porto distribuidor de mercadorias para o norte-nordeste Leia mais


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