terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fretes no Brasil acumulam queda média de 6% no ano



A indústria do transporte marítimo no Brasil já sente os efeitos da recessão e da desaceleração econômica que assolam os Estados Unidos e os países da Europa. A queda média dos fretes marítimos nos tráfegos de exportação e importação em todas as rotas com o Brasil é de 6% neste ano. Ao mesmo tempo, os custos só fazem aumentar.

 O principal item da planilha de gastos dos armadores - o combustível - registrou alta de 35% por tonelada até aqui. Como se não bastasse, a decisão do governo de elevar o IPI para veículos importados compromete ainda mais o cenário de armadores especializados no transporte desse tipo de cargas.

Segundo o Valor apurou junto a companhias de navegação, um contêiner de 20 pés com café exportado do Brasil para a Europa estava cotado a US$ 1.100 no início do ano. Hoje, sai a US$ 850. Já um contêiner de 40 pés estufado com madeira estava custando US$ 1.300, hoje é possível embarcar por US$ 900 na mesma rota.

 Por outro lado, o preço da tonelada dos três tipos de combustíveis marítimos mais comercializados (com base em Roterdã, tido como referência) variou acima de 48% em setembro. A tonelada do óleo para navio mais refinado custava US$ 611 em setembro de 2010 e passou para US$ 937 neste mês.

"O aumento brutal do custo não tem sido compensado pelo preço do frete que, na verdade, tem caído. Esse não é um binômio saudável", afirma o diretor-superintendente da Hamburg Süd no Brasil, Julian Thomas.

Levantamento da consultoria francesa Alphaliner publicado neste mês mostra que as margens operacionais das 20 maiores companhias de contêineres do mundo variaram, no primeiro semestre, entre 8% de crescimento e 19% de queda. Dessa lista, quatro não publicam os números em âmbito global (MSC, Hamburg Süd, PIL e UASC).

 Dentre as 16 restantes, quatro tiveram lucro (CMA CGM registrou crescimento de 8%); dez apresentaram perdas (pior resultado foi da CSAV, com queda de 19%) e duas registraram "traço".

As perdas acumuladas das 16 maiores companhias foi de US$ 290 milhões, ante um lucro de US$ 3,77 bilhões registrado no mesmo intervalo do ano passado. Apesar das perdas da primeira metade do ano, o desempenho não foi tão catastrófico quanto o do mesmo período de 2009, quando - ainda sob os perversos efeitos da crise financeira detonada em 2008 - as mesmas 16 empresas registraram perdas de US$ 6,25 bilhões.

O pior, dizem os armadores, é que não se sabe ao certo a extensão da crise. "Hoje podemos dizer que existe uma crise generalizada com impactos imprevisíveis sobre a economia real. A recuperação de 2010 foi inesperada na sua magnitude. Agora, em 2011, também a queda tem sido mais abrupta do que esperávamos", diz Thomas.

O atual ambiente da navegação é dominado por uma sobrecapacidade de navios saindo de estaleiros. E, diferentemente do que ocorreu no pós-2008, quando a navegação segurou o emprego de novas embarcações para evitar o excesso de oferta, dessa vez os operadores têm sido mais relutantes em abandonar suas estratégias de lançar navios no mercado, mantendo ou ampliando suas fatias de mercado.

A TBS, que transporta cargas de projeto e granéis, verificou redução de 15% a 20% nos fretes das três rotas semi-regulares que opera de e para o Brasil. "Tem mais oferta de navio do que demanda de carga", afirma o diretor-presidente Christian Silva. Leia mais



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