O Brasil tem enorme potencial para transporte de cargas
entre portos nacionais, processo conhecido como cabotagem, devido aos seus mais
de 9.000 km de costa e condições favoráveis à navegação durante todo o ano. Mas
o avanço dessa atividade de transporte, considerada uma das mais baratas da
matriz logística, ainda esbarra na falta de infraestrutura dos principais
portos do País. É o que acredita Frederico Amâncio, CEO do Complexo Industrial
Portuário de Suape.
“Além da falhas de estrutura para receber cargas, os portos
brasileiros ainda têm poucas alternativas logísticas de distribuição das cargas
após a chegada do carregamento”, analisou Amâncio, que participou do Board
Meeting da Amcham-Recife na última sexta-feira (08/03).
Amâncio acredita que a cabotagem é uma atividade com
altíssimo potencial de desenvolvimento no País nos próximos anos. “A
participação do transporte marítimo na movimentação de cargas dentro do Brasil
ainda é muito baixa. Quanto mais possibilidades de transporte de cargas,
melhor”, comentou.
Além da infraestrutura, o executivo aponta a necessidade de
revisão do marco regulatório e a redução da carga tributária
incidente sobre a atividade como outros pontos de atenção para maior
exploração da cabotagem.
Cultura dos investimentos
Sobre o perfil dos investimentos que têm sido realizados no
Porto de Suape, Amâncio defende que seja adotada uma visão mais estratégica
para o aporte de recursos. “A grande dificuldade sempre foi realizar
investimentos pensados em longo prazo. Agora temos um novo paradigma onde os
aportes têm que ser pensados pelos próximos 20 anos, por exemplo”, comentou.
Ele destaca que o Complexo Industrial Portuário de Suape
realizou parceria com o Porto de Roterdã, na Holanda, para analisar o tipo de
projeto implantado no local. “Lá, existem projetos que passam 15 anos nos
processos de maturação e desenvolvimento. Temos aprendido muito com esta
experiência.”
Neste perfil, o CEO do Porto de Suape destaca projetos como
o Plano Diretor que determina o zoneamento do porto para os próximos 30 anos.
“Isso extrapola o tempo de duração de governos criando uma nova forma de
investir em infraestrutura.”
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