sábado, 3 de março de 2012

Refinaria Abreu e Lima já aplicou recurso do BNDES e chegou a 50% da obra



Desde novembro que Petrobras, dona da obra, é a única repassadora de recursos e não conta mais com as verbas do BNDES
Acabou o dinheiro do BNDES. Desde novembro do ano passado, a obra da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo de Suape, passou a receber aportes únicos da própria Petrobras (dona do empreendimento). Até 2011, a unidade de refino estava utilizando recursos do contrato de financiamento de R$ 9,9 bilhões firmado com a instituição financeira em julho de 2009. As informações estão no Relatório Anual de Administração 2011 da Abreu e Lima, publicado ontem.
Os aportes próprios da Petrobras no projeto remetem novamente à discussão sobre a participação da Petroleos de Venezuela S.A (PDVSA) como sócia do empreendimento. Até agora, a estatal venezuelana não desembolsou um bolívar sequer na obra e também não apresentou as garantias exigidas pelo BNDES para o empréstimo-ponte de R$ 9,9 bilhões do qual participaria com 40%.
Em fevereiro, o ministro venezuelano do Petróleo Rafael Ramírez afirmou que a PDVSA espera concretizar sua participação na Abreu e Lima até o dia 31 de março. Apesar das idas e vindas, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, diz que a companhia venezuelana poderá entrar como sócia até a refinaria começar a funcionar. O cronograma prevê o ano de 2013 com partida da unidade de refino.
No exercício de 2011, a Petrobras aportou R$ 1,7 bilhão na refinaria. E em dezembro do ano passado, o capital social da empresa era de R$ 2,9 bilhões. A Abreu e Lima é um investimento de R$ 26 bilhões. A unidade tem capacidade para processar 230 mil barris de petróleo por dia. Esse volume é equivalente a 11% da capacidade atual de refino do País.
Como define o presidente da Rnest, Marcelino Guedes, que costuma brincar, a unidade será uma espécie de fábrica de óleo diesel, uma vez que 70% do petróleo será destinado para o produto. Quando entrar em operação, vai gerar 1.500 empregos diretos e hoje conta com mais de 35 mil funcionários na construção e montagem.
No Relatório de Administração, a Petrobras considera 2011 como o ano de consolidação da implantação do empreendimento, embora o exercício também tenha sido marcado por greves de operários, inclusive com incidentes de violência. O documento afirma que as obras ganharam velocidade e mudaram a paisagem do empreendimento, que atingiu cerca de 50% de execução física. A obra já se parece com uma unidade de refino, com a estrutura ganhando forma com seus tanques, dutos, vasos, torres, fornos e equipamentos. Na área de estocagem, está concluída a construção de 14 tanques do sistema de tratamento de água, além de três tanques de água bruta e as interligações com a rede da Compesa.
O balanço comemora, ainda, a realização de testes no maior tanque de armazenamento de petróleo do Brasil (com capacidade para 700 mil barris) e a instalação de dutos de interligação entre a refinaria e o Porto de Suape para a recepção do óleo bruto e saída dos derivados.
No item em que trata das contribuições para a sociedade, a Petrobras destaca ações que estão com cronograma de execução bastante atrasado. É o caso do projeto Diálogos para o Desenvolvimento Social em Suape, que teve seu escopo concluído, mas vem sendo discutido desde 2009. A proposta do programa é mitigar os impactos provocados pela presença de 35 mil operários gerando demandas sociais nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. A ideia era orientar a população e os trabalhadores sobre temas como violência contra a mulher e gravidez na adolescência.

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